Profissional usava dedos de silicone para marcar ponto dos colegas
G1 , SP |
26/03/2013 às 08:36
Médica Thauane Nunes Ferreira
Foto: G1
A médica Thauane Nunes Ferreira deve prestar depoimento à Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Câmara de Ferraz de Vasconcelos a partir das 9h desta terça-feira (26). Ela foi detida em flagrante registrando a presença de colegas no Samu do município usando dedos de silicone. Sete médicos, entre eles o coordenador Jorge Cury, já foram afastados.
De acordo com o presidente da CEI, o vereador Roberto Antunes de Souza (PMDB), Thauane foi notificada sobre o depoimento na Câmara, na sexta-feira (22). "Um funcionário levou a intimimação no prédio onde ela mora. A médica não foi localizada. Neste caso, o documento foi deixado com um porteiro", explica o vereador.
Ainda de acordo com ele, o interrogatório de Thauane é imprescindível para que outros fatores sejam esclarecidos. "Ela deve nos contar como o esquema foi montado. Além disso, nós já temos provas periciais sobre os dedos de silicone. Uma coisa é certa: quem armou esse esquema e confeccionou os dedos de silicone não estava brincando não", detalha o vereador.
Presença
Por telefone, o advogado de Thauane, Celestino Gomes Antunes, garantiu que sua cliente comparecerá à Câmara de Ferraz para prestar depoimento nesta terça. "Nós não temos nada a esconder. Por isso vamos comparecer sim. Ela (Thauane) vai responder todas as perguntas que forem feitas", declarou o advogado.
Afastados
Na quarta-feira (20), o prefeito de Ferraz de Vasconcelos determinou o afastamento de mais dois médicos do Samu: Caio José Losito Mantovani e Ronnie Muniz de Oliveira. A identidade deles foi divulgada na terça-feira (19) após perícia feita no cartão de ponto e nos dedos de silicone, localizados com a médica Thauane Nunes Ferreira no dia 10 de março.
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Além dos médicos afastados a prefeitura já tinha impedido que outros cinco socorristas trabalhassem: a médica Thauane Ferreira dos Santos, que foi flagrada com usando os dedos de silicone para marcar a presença dos colegas, o coordenador do Samu, Jorge Cury e os médicos Rodrigo Gil de Castro Jorge, Felipe de Moraes e Aline Cury.
Outro lado
A reportagem do G1 tentou entrar em contato com os médicos Rodrigo Gil de Castro Jorge, Felipe de Moraes, Aline Cury e Thauane Nunes Ferreira, mas não conseguiu. Caio José Losito Mantovani e Ronnie Munis de Oliveira também não foram localizados.
Jorge Cury se manifestou apenas em 10 de março, quando o caso foi descoberto, e afirmou: "Sou funcionário da prefeitura há 25 anos. Eu nunca soube disso. Passo no Samu todo domingo e nunca faltava funcionário. Hoje que não fui aconteceu isso.”
Em nota à produção do Fantástico, enviada no domingo (17), o advogado de Felipe de Moraes disse que o médico "não participou de nenhum esquema de fraude e que nunca recebeu dinheiro sem que tivesse trabalhado nos plantões."
Entenda o caso
Em 10 de março, a Guarda Municipal gravou imagens do momento em que a médica Thauane fraudava o sistema. Com a médica, foram apreendidos seis dedos de silicone e comprovantes impressos pelo equipamento que controla o horário dos funcionários. Ela chegou a ser detida por falsificação de documento público, mas foi solta porque a Justiça concedeu um habeas corpus. Em depoimento ao Ministério Público, Thauane contou como era o esquema e apontou que ele seria chefiado pelo então coordenador do Samu, Jorge Cury.
O secretário municipal de Segurança, Carlos César Alves, disse que os médicos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) tinham que repassar o valor ganho pelos plantões não trabalhados ao coordenador da unidade, Jorge Cury. A vantagem dos profissionais seria a flexibilização da agenda para poder trabalhar em outros locais. “Cada médico que participava do esquema pagava R$ 1,2 mil por turno de 24 horas aos fins de semana para o Jorge Cury”. Alves ainda afirmou que o pagamento era feito por transferência bancária.