Segundo Salles, a síndrome que Francisco Júnior possui é rara e pode ser identificada enquanto o feto ainda está na barriga da mãe
Ruan Melo e Rafaela Ribeiro , G1 em Salvador |
01/12/2012 às 13:05
Médico vê quadro critico na vida de Francisco e tenta sua completa recuperação
Foto: Berna Farias
O jovem baiano de 23 anos, que pesa 280 quilos e tem 1, 60 m de altura, portador da Síndrome Prader-Willi, que gera apetite excessivo, deverá passar por uma cirurgia bariátrica para reduzir o estômago em seis meses, segundo informou Osmário Salles, chefe do setor de endocrinologia do Hospital Geral Roberto Santos, onde o paciente está internado. Salles explicou ao G1, nesta sexta-feira (30), como deverá acontecer procedimento, que é de alto risco, por conta do estado grave de saúde de Francisco Araújo Júnior.
"O paciente tem 280 quilos, já chegou com infecção respiratória, infecção de pele. Nós estamos tratando essas infecções. No tratamento vai ser colocado um balão intragástrico. Esses pacientes desenvolvem muita dilatação gástrica, mas não tem jeito. Vamos tentar colocar o balão e esse paciente vai ficar seis meses com ele. É o tempo que a gente vai tratando ele clinicamente. Após seis meses, perdendo peso, nós vamos fazer a cirurgia bariátrica, que também nessa situação é extremamente grave. Há pouca experiência e a mortalidade é muito grande da cirurgia bariátrica nesse tipo de paciente [obeso]", relatou o médico.
Segundo Salles, a síndrome que Francisco Júnior possui é rara e pode ser identificada enquanto o feto ainda está na barriga da mãe. "Os obesos tem uma causa endócrina ou uma causa genética para a sua obesidade. O nosso paciente tem a principal síndrome da obesidade associado à genética. Se fizer o ultrassom, são aqueles fetos com pezinho pequeno, mãozinha pequena. Quando nasce, é uma criança extremamente hipotônica, com fraqueza, com dificuldade em sugar o seio da mãe", explicou.
Entre os dois e três anos, a criança começa a apresentar apetite excessivo por conta da doença e passa a engordar de maneira acelerada. "Elas não param de comer. Além disso, ela tem uma fraqueza muscular intensa. Essas crianças desenvolvem atrofia muscular muito grande, osteoporose, má formação esquelética, baixo QI [quociente de inteligência]. Esses pacientes dificilmente passam dos 40 anos", apontou.
Francisco Júnior tem estado todo o tempo no hospital deitado em um dos leitos da unidade e conta com a ajuda de seis funcionários para passar pelo procedimento de higienização, de acordo informou Osmário Salles. As pessoas com esse quadro dificilmente conseguem ter uma vida normal, informou o médico.
"Não pode engordar, porque depois que engordar é extremamente difícil fazer perder peso. A obesidade é considerada a doença mais difícil da medicina. É a doença que mais mata. É um problema muito sério, associado a problemas cardiovasculares. O sistema de saúde e o governo deveriam intervir de forma mais pesada porque nós temos uma epidemia no mundo", avaliou.
A condução do tratamento de Francisco Júnior é complicada para o próprio hospital. "Nós estamos em situação extremamente difícil. É aquela situação em que, se a gente fizer nada, ele vai morrer. Se a gente tentar fazer as coisas, a chance de óbito também é grande", disse.