Saúde

Entenda o que significa câncer do peritônio que matou Hebe Camargo

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| 01/10/2012 às 08:04

A luta de Hebe Camargo contra o câncer começou em 2010, quando a doença foi diagnosticada. Depois de fazer todo o tratamento, ela anunciou que estava curada.
Mas, em 2011, a doença voltou. E hebe foi submetida a novos procedimentos médicos. Nesta última semana, o estado de saúde dela tinha piorado bastante.

Hospital Albert Einstein, quarto 250. Foi lá que Hebe Camargo ficou internada pela última vez, no mês passado. Ela tinha dificuldade para se alimentar e, no hospital, recebeu vitaminas, proteínas e todos os nutrientes por sonda. Foi quando os médicos perceberam que os remédios contra o câncer já não faziam mais efeito. Quando ela saiu de lá, há 34 dias, já tinha decidido, com a família e a equipe médica, ficar em casa.

"No momento em que o hospital deixa de oferecer para o paciente uma oportunidade de cura e que existe a possibilidade de se montar uma estrutura em casa, não tem porque tirá-la do seu conforto. Foi montada uma estrutura dentro da residência dela com médicos, enfermeiras e todo o suporte que ela poderia ter no hospital", afirma Dante Senra, cardiologista de Hebe.

O médico que cuidava do coração da apresentadora esteve com ela todos os dias nas últimas duas semanas de vida.

Fábio Turci: Na sexta-feira à noite, quando o senhor a viu pela ultima vez, qual era a condição dela?
Dante Senra: Ela já estava muito debilitada. O rim já mostrava sinal de falência. Era uma questão irreversível, infelizmente.

Hebe passou os últimos momentos em casa, no quarto, ao lado da enfermeira, de uma sobrinha e de um amigo. Faltava pouco para o meio-dia quando ela abriu os olhos, tentou falar, mas o coração parou antes.

Um dos sorrisos mais famosos e antigos da TV brasileira se desfez após quase três anos de uma luta árdua contra o câncer, mas, nem sempre, uma luta triste.

"Vocês vão ter que me engolir", brinca Hebe em um vídeo gravado para o Hospital Albert Einstein. Neste vídeo, a apresentadora contou, com o humor habitual, que o primeiro sintoma da doença foi um inchaço na barriga.

"Grávida eu sabia que não estava, porque não tinha feito nada para engravidar. Fizemos os exames e deu que eu estava com câncer no peritônio. Até eu falava ‘periscópio'. Falei: ‘Nunca soube que eu tinha peritônio. Não é periscópio?'", conta antes de gargalhar.

O peritônio é a membrana que reveste o abdômen e todos os órgãos que ficam nessa parte do corpo. O câncer de peritônio é um dos mais raros no Brasil. Atinge cinco pessoas em cada grupo de 100 mil pessoas. Para comparação, o câncer de mama aparece em 52 pessoas para cada 100 mil.

O médico oncologista que cuidou de Hebe está num congresso na Áustria. Pela internet, ele conversou com o Fantástico. Sérgio Simon explicou que o tumor da apresentadora não foi eliminado completamente na primeira cirurgia, em janeiro de 2010.

"Não era interesse retirar todo o tumor. Esse tipo de tumor não se trata cirurgicamente. Ele se trata com remédios, porque não é possível tirar todo o peritônio da pessoa. Então não se faz esse tipo de cirurgia. A gente apenas tira as partes maiores do tumor pra dar o diagnóstico e depois começa o tratamento", explica Simon.
Depois da primeira operação, a apresentadora fez cinco sessões de quimioterapia. "Fiz as quimioterapias que todo mundo dizia ‘Ih, quimioterapia é um horror, dá enjoo, dá não sei o que'. Falei: ‘Tem que fazer? Dê o que der, vamos fazer'", disse a apresentadora no vídeo.

"Ela ficou totalmente sem a doença. Os exame de sangue acusavam uma regressão completa da doença. Ela teve o ano inteiro praticamente de vida normal, com uma excelente qualidade de vida", diz o oncologista.

Em 2011, o câncer no peritônio voltou e ela retomou as sessões de quimioterapia. Em 2012, a apresentadora passou por duas cirurgias de emergência. A primeira foi em março, para eliminar um tumor que estava obstruindo o intestino. Em junho, a vesícula foi retirada.

O cardiologista explica que o coração feliz e saudável de Hebe Camargo só parou quando o câncer ficou incontrolável. "Eu guardo a imagem de uma mulher alegre, que gostava da vida, que acha que vale a pena viver e lutar pela vida", destaca Senra.