A fartura de bebidas e comidas dos festejos juninos pode representar um grande risco para a saúde, especialmente para pacientes que realizaram cirurgia bariátrica recentemente. A advertência é de João Ettinger, cirurgião do aparelho digestivo, chamando a atenção para os perigos, caso essas pessoas não sigam corretamente a dieta recomendada pelos médicos.
Além da possibilidade de voltar a engordar, diz ele, podem surgir doenças crônicas como hipertensão e diabetes. ”A apneia do sono também reaparece com o reganho de peso, o que reduz a qualidade do sono e agrava o desempenho físico e emocional do paciente” , explica.
Após a cirurgia bariátrica a alimentação tem um papel importante, pois a quantidade e o tipo devem ser limitados. Segundo ele, esses indivíduos ficam ainda mais suscetíveis às tentações por estarem em período de readaptação e mudança de hábitos. “Por isso, precisam trabalhar muito o autocontrole e se manter firmes na dieta para evitar possíveis complicações no pós-operatório”, orienta.
Fase difícil
No início do pós-cirúrgico, deve-se manter uma dieta exclusivamente líquida para progressivamente ir introduzindo alimentos pastosos. “Essa é a fase mais difícil, devido à consistência e monotonia alimentar. Após o primeiro ano da cirurgia, quando já houve a reintrodução de todos os grupos alimentares, o paciente vivencia outro momento conturbado, principalmente pelo desejo de testar o organismo em reações pós-alimentares e pela ausência às consultas nutricionais de rotina”, afirma a nutricionista Patricia Jacob.
Um plano alimentar com seis refeições fracionadas ao dia, em pequenos volumes e intervalos, é considerado satisfatório. Mastigar vagarosamente os alimentos e ingerir líquidos somente entre as refeições, nunca durante, preferindo sempre água ou água de coco, são algumas das principais recomendações. As modificações ocorrem por fases: liquida, pastosa, purê, mole e consistência normal, mas deverão acontecer de acordo com cada paciente.
Além das tentações alimentares, outro fator preponderante para potencializar o ganho de peso nessa época do ano são as mudanças fisiológicas trazidas pelo inverno. O gasto calórico nesta estação aumenta naturalmente e, com o frio, o corpo precisa de mais energia para se manter aquecido.
Por isso, o consumo aumenta em cerca de 300 calorias (kcal) por dia. “Incentivá-los às consultas nutricionais regulares, nas quais poderá obter corretamente informações sobre os erros dietéticos e suas consequências, é uma opção para evitar que os pacientes sofram com surpresas desagradáveis”, conclui Patricia.