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Realização de exames com utilização da ecoendoscopia
Foto: BJÁ
Foram quatro meses de internamento até que a paciente R., de 38 anos, tivesse definido seu diagnóstico: um tumor na cabeça do pâncreas, doença considerara rara que provoca baixas constantes da glicemia - nível de açúcar no sangue, acarretando desmaios frequentes. Hoje, ela já se encontra em bom estado de saúde, com níveis glicêmicos normais, graças a uma cirurgia inédita realizada no Hospital Geral Roberto Santos, com suporte da ultrassonografia endoscópica, que possibilitou a retirada apenas do nódulo, preservando o pâncreas e evitando sequelas para a paciente.
Muito pequeno, o tumor não foi detectado nos sucessivos exames a que R. foi submetida, até que, ao analisar uma tomografia mais recente, um médico desconfiou da possibilidade da doença. Em uma ecoendoscopia (ultrassonografia endoscópica, procedimento disponível desde agosto), conduzida pelo médico Marcos Clarêncio com a consultoria do médico paulista Celso Ardengh, o tumor foi localizado e o diagnóstico confirmado após biópsias ecoguiadas.
Da cirurgia, feita por meio de ultrassom intraoperatório, participaram o cirurgião oncológico Pedro Villar, o chefe da Radiologia Intervencionista, Humberto Álvaro, e as formandas residentes Lorena Silva e Débora Fernandes, da Endocrinologia. Método diferenciado, a ecoendoscopia permite diagnósticos mais precisos que a endoscopia padrão e, consequentemente, a definição do tratamento mais eficaz para o paciente.
O Hospital Roberto Santos é o primeiro da rede pública de saúde na Bahia a contar com esse serviço, implantado no final de agosto deste ano pela chefia e coordenação do Serviço de Endoscopia Digestiva (SED) e Centro de Hemorragia Digestiva (CHD) do HGRS, respectivamente os médicos Igelmar Paes e Marcos Clarêncio, em parceria com o médico Celso Ardengh, professor da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto e médico do Hospital 9 de Julho, em São Paulo.
HGRS: pioneiro na rede Considerada um exame de excelência em patologias do pâncreas e ideal para uma visualização mais completa das paredes do trato digestivo, a ecoendoscopia associa as técnicas da endoscopia tradicional com a ultrassonografia. A nova técnica, de acordo com Clarêncio, é um marco para o SED e para a endoscopia digestiva na Bahia. Os exames estão sendo feitos mensalmente, com a vinda à Bahia do dr.
Celso Ardengh, e ocorrerão rotineiramente no próximo ano. "Estamos oferecendo para a população usuária do Sistema Único de Saúde (SUS), em Salvador, um método de imagem para diagnóstico e estadiamento (avaliação da localização e dimensão) de tumores do sistema digestivo, a fim de definir o melhor tipo de tratamento. É um serviço totalmente diferenciado, que oferece todas as possibilidades de diagnóstico e terapêutica que são encontradas nos melhores hospitais privados do Brasil e do exterior", disse Ardengh ao inaugurar o serviço, no dia 26 de agosto. Foram seis anos de espera para contar com essa técnica, como atesta o coordenador do Serviço de Endoscopia Diagnóstica e Centro de Hemorragia Digestiva, Marcos Clarêncio.
O aparelho acopla a técnica comum de endoscopia à leitura de ultrassom com intermediação de um transdutor, dispositivo sensor que converte o sinal captado em outro tipo de energia - ou seja, converte a imagem endoscópica obtida em imagem de ultrassom, permitindo examinar mais detalhadamente um tumor, a glândula pancreática e todas as áreas vizinhas ao aparelho digestivo, definindo, por exemplo, se o tumor está localizado ou se avançou por outros órgãos, em processo de metástase.