Saúde

SERIE DO G1: EMAGRECEDOR: SIM OU NÃO? VEJA CAPITULO DE HOJE

VIDE
| 14/10/2011 às 12:06

O supervisor financeiro Marcelo Varassin, de 32 anos, não suportou ver a foto da própria carteira de habilitação, em setembro de 2009. Estava com 184 kg e concluiu que era hora de emagrecer, por isso foi procurar um médico. Na consulta, descobriu que tinha de perder 30 kg para fazer a cirurgia bariátrica, e então pensou: "se eu vou ter que perder 30 kg por conta própria, então vou perder todos os quilos por conta própria", disse.

Varassin não quis tomar inibidores de apetite, mas sabia que parte da tarefa de perder peso tinha a ver com controle alimentar.

"Procurei vários especialistas para me ajudar a montar uma dieta, só que eu não como salada", relembra. "A gente teve dificuldade para fechar [um cardápio], mas fizemos funcionar".


No café da manhã, ele come frutas e iogurte; no almoço, arroz e frango; à tarde o lanche é uma barrinha de cereal ou uma bolachinha; já a janta é de arroz e algum tipo de carne, "às vezes frango", explica.


"Todos os resultados poderiam ter sido mais rápidos se, além de comer salada, eu também tivesse conseguido abandonar a cerveja e o chocolate" - neste último trimestre de 2011 deixou de beber cerveja, "mas do doce eu não abro mão".


Mas é preciso fechar a boca e suar a camisa. Por isso, ele treina todos os dias, primeiro com uma caminhada de 5 km e depois com uma sequência de musculação. Isso leva pelo menos duas horas. Em dias alternados, pratica natação. "Mas no começo cheguei a treinar quatro horas por dia", contabiliza.


O resultado, pouco mais de dois anos depois, é que o peso dele caiu para 124 kg, ou seja, 60 kg perdidos sem cirurgia ou remédios.

Um esforço reconhecido também pela esposa de Varassin há 11 anos, que "sabe que vai ser bom para mim [Varassin ] eu passar tanto tempo na academia". Nem nos fins de semana ele para de se exercitar.


"É tranquilo comer direito e praticar exercícios, nisso não tem dificuldade nenhuma. O problema é que o gordo sofre preconceito. Você pode achar que é exagero, mas as pessoas evitam até convidar para sair. Conheço pessoas que não conseguem emprego porque são gordas demais", finaliza.


A exceção


"Ele é exceção", comenta o endocrinologista Antonio Roberto Chacra, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), sobre o caso de Varassin. "Tem que dar parabéns para ele, é o que a gente gostaria que acontecesse com todos", completa.

Segundo o especialista, quem atinge o peso de 184 kg geralmente tem alguma tendência grave a engordar. Essa tendência pode ser por causa de metabolismo lento, que o faça gastar menos calorias, por ansiedade, que o faça comer compulsivamente, ou mesmo por um problema de disciplina.


No caso de Varassin, o novo cardápio permitiu que o supervisor financeiro não perdesse as substâncias que mantêm o corpo funcionando. "Alimentos processados e refinados, produtos químicos e industrializados em geral devem ser evitados pois retiram os nossos nutrientes", afirma a especialista em nutrição Karin Honorato, da Clínica Funcional.


A nutricionista também destaca o esforço de Varassin, que chegou a um acordo com os especialistas que procurou para montar o seu novo esquema de refeições. "As pessoas precisam de profissionais para lembrar de velhos hábitos saudáveis e conhecer de verdade o que comem de ruim no cotidiano", diz. "Se as pessoas comessem somente aquilo que é natural, ninguém precisaria ir a um nutricionista para aprender a comer."

O preparador físico José Rubens D'Elia diz que a média de perda de peso saudável é de um quilo por semana. Como, em dois anos, Varassin perdeu pouco mais de cinco quilos por mês, ele foi muito bem, na opinião do especialista.


"A grande dica é que ele tenha um projeto daqui para frente, sem tanta pressão do tempo. Nos próximos dois anos, pode perder mais 40 quilos. A primeira ‘Olimpíada' ele já venceu, falta o segundo ciclo", aponta D'Elia.


Além disso, se o supervisor financeiro treinar 5 km todo dia, no mesmo lugar, o corpo não vai reagir bem ao longo do tempo. "Ele precisa de uma ‘periodização', por fases e estímulos, para chegar ao peso e à forma física ideais. Também deve fazer adaptações", afirma o preparador.


Segundo D'Elia, atividade física é igual ao uso de medicação: sempre deve ser revista, para não perder o efeito. "Uma pessoa precisa de estímulos iguais que durem no máximo três semanas. Na quarta semana, tem que haver uma mudança para estimular o corpo", explica. Isso pode ser feito com uma carga mais pesada ou uma sequência mais longa, por exemplo.


Além disso, Varassin pode treinar mais, por cerca de 4 horas, nos finais de semana. "É um período bom para aumentar a dosagem e a autoestima. Também pode valer como uma preparação para uma prova de caminhada ou corrida, ver se o tempo melhorou, etc", sugere D'Elia.


O preparador recomenda que o supervisor participe de 10 a 12 competições ao longo do ano, para ter como meta cruzar a linha de chegada. "Se, dentro de uma prova de 10 km, ele caminhar 5 km, já está bom", destaca.