Saúde

EMAGRECER SIM OU NÃO? ACOMPANHE A SÉRIE DO G1 NO BAHIA JÁ

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| 12/10/2011 às 12:08

A artesã Noeli Salete Teixeira Leão, 53 anos, não encontrou nos medicamentos emagrecedores, que tomou há quase cinco anos, a solução que procurava para perder peso. Ela afirma que além de não funcionarem, as substâncias traziam efeitos colaterais que a fizeram desistir desse tipo de tratamento e criar coragem para a cirurgia de redução de estômago.


Foram dois tipos diferentes de remédios que tomou para emagrecer. O primeiro deles, a sibutramina, foi prescrito por um médico e o que menos deu certo, na opinião da artesã.


"Comecei a tomar remédios porque me sentia mal. Tinha receio até em ir a uma loja e não poder comprar roupa alguma, do jeito que eu queria. No ônibus, e em tudo quanto é lugar, a gente se sente mal", conta Noeli, "Não deu certo. A sibutramina me dava muito nervoso, vontade de chorar e de ficar só dormindo".


Ela relata ainda que, além dos provocados pela substância, não notava os efeitos esperados e continuava acima do peso, mesmo tendo combinado o medicamento com dietas planejadas por nutricionista e exercícios físicos.


"Eu acho que não é bom tomar remédios para emagrecer", disse ela ao G1.

Frustrada com o tratamento receitado por um profissional, decidiu tomar por conta outro tipo de remédio. Inicialmente notou efeitos esperados e conseguiu perder um pouco de peso. "Mas depois eu engordei o dobro", afirma a artesã.


Com esse aumento, ficou impossibilitada de andar por longas distâncias e teve uma série de problemas de saúde. "Tive artrose e artrite no joelho e na coxa já tive problema de derrame intramuscular", conta Noeli.


A última opção da artesã para alcançar o peso ideal, poder voltar a fazer exercícios e sentir-se bem foi a cirurgia. "Há uns dois anos eu corria da operação. Quando me dei conta, estava a cada dia pior. Eu tinha medo de fazer cirurgia. O medicamento não resolveu nada. Hoje eu tenho essa coragem".


Noeli já fez uma série de exames que comprovaram que ela está apta para a cirurgia. Nessa última semana, além da ansiedade, a artesã tem um cuidado redobrado com a alimentação.

"Estou comendo bastante verdura, tomando sucos naturais até para ir acostumando porque depois a dieta é difícil. A minha geladeira está verde", diz. "Estou apreensiva. Tem dias que eu fico nervosa, tem dias que eu fico contente. Não vejo a hora".


Recomendação médica

Segundo Ricardo Cohen, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, "95% dos casos de obesidade mórbida só se resolvem com a cirurgia".

O especialista afirma que, para esses pacientes, ela é muito mais eficiente que os remédios disponíveis no mercado. "Não tem nem comparação. É como perguntar qual é mais rápido, se é um Boeing ou uma Mercedes", apontou Cohen, que disse que a cirurgia consegue eliminar 80% do excesso de peso do paciente.


A cirurgia bariátrica é indicada para pacientes com obesidade mórbida. Nesse quadro, se encaixam pessoas com índice de massa corporal (IMC) maior que 40, ou ainda com o IMC acima de 35 e alguma doença associada à obesidade - diabetes ou pressão alta, por exemplo. O cálculo do IMC é obtido com a divisão do peso pelo quadrado da altura.

Existem hoje no Brasil cinco tipos diferentes de intervenções para a redução do estômago. O mais comum é o "bypass gástrico", que corresponde a 75% das cirurgias. Nesse procedimento, o médico usa um material próprio para grampear parte do estômago e desviar o início do intestino. Em resposta, o intestino aumenta a produção de hormônios responsáveis pela sensação de saciedade. A soma da menor ingestão de alimentos com a redução da fome resulta no emagrecimento.


Para Rosana Radominski, endocrinologista e presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), a ação de Noeli em decidir tomar remédio por conta própria é o principal problema em relação aos emagrecedores no país. "O grande dilema que nós temos é a automedicação, essa procura por medicação por internet", afirma a especialista.


Radominski afirma que não é possível dizer se um paciente vai reagir bem a um medicamento para emagrecer. "A pessoa pode ter problemas genéticos, o receptor não funciona e há casos em que é impossível saber", diz a médica, que enxerga no profissional da saúde a responsabilidade por dar a palavra final sobre o tratamento. "Junto com o paciente, o endocrinologista é quem deve definir se a pessoa deve ou não usar remédio e qual droga usar", diz.


Segundo Ricardo Cohen, depois de três semanas o paciente já pode se alimentar
normalmente e está liberado para iniciar - aos poucos - as atividades físicas. O acompanhamento médico deve ser feito pelo resto da vida.


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Para o preparador físico José Rubens D'Elia, é difícil tirar da cabeça a ideia da cirurgia de redução de estômago em quem já está prestes a fazê-la. Portanto, neste momento em que Noeli está decidida a se submeter à operação e acredita nessa alternativa, o especialista recomenda que ela siga em frente e, depois da recuperação, receba um acompanhamento psicológico e inicie uma atividade física.


"Ela precisa ter um encontro interior com o novo corpo e abandonar a ‘mente de gorda'. Essa base psicológica é fundamental para que ela ‘reviva' na silhueta futura, com expectativa de uma vida mais saudável", explica.


D'Elia destaca que os exercícios são muito importantes para quem fez redução de estômago. "Atividade física não é só para emagrecer, mas para manter a mente oxigenada, aumentar a autoestima e ter um espaço reservado para si mesmo", enumera o preparador.


Ele recomenda para Noeli, ainda, um trabalho de prevenção e orientação com um fisioterapeuta, se possível, já que ela tem artrite e artrose. Hidroginástica e pilates são duas ótimas opções, na opinião de D'Elia. E um fortalecimento muscular também deve ser considerado.


Em geral, depois de uma operação bariátrica, o ex-obeso precisa adaptar muitas coisas na vida. Com a liberação do médico, pode iniciar uma caminhada e sessões de alongamento para se acostumar às novas medidas. Segundo o preparador, a atividade física é extremamente necessária para esses indivíduos, que são grandes candidatos a problemas na coluna, nos joelhos e nas articulações, entre outros.


Essa indicação vale para quem fez lipoaspiração também, de acordo com o educador físico Mauro Guiselini. E não é porque o estômago foi reduzido que as células de gordura desapareceram. Elas continuam lá. Existem estudos que mostram que, em cinco anos, até 70% dos pacientes que fizeram cirurgia bariátrica voltam a engordar, total ou parcialmente.