"Nas duas últimas décadas, a toxina botulínica, popularmente conhecida como ‘botox', tem revolucionado o tratamento de diversas doenças neurológicas no mundo". A afirmação é do especialista do Hospital São Rafael, Guilherme Valença. Segundo o neurologista, além do uso estético, bastante conhecido pelos brasileiros, o "botox" passou a se destacar, também, dentro da literatura médica, pelo poder de amenizar algumas enfermidades que atacam o cérebro, a medula, os nervos e músculos.
A técnica está sendo utilizada no primeiro ambulatório de bloqueio neuromuscular da Bahia, inaugurado oficialmente, na quinta-feira, 28.07, pelo Hospital São Rafael.
Para marcar a inauguração do novo serviço, o Hospital irá promover um evento voltado para grandes nomes da neurologia do país, a exemplo da especialista Débora Maia, formada pela UFMG. O encontro acontecerá nesta quinta-feira, às 20h, no Restaurante Barbacoa - Av. Tancredo Neves, tendo como tema "O uso da toxina botulínica na neurologia".
Bótox no tratamento de paralisia cerebral,
bruxismo e bexiga hiperativa
Dentre os distúrbios neurológicos, atualmente tratados com a toxina botulínica, o médico destaca as distonias e as espasticidades. As primeiras são responsáveis pelo movimento involuntário muscular e costumam gerar torções, posturas anormais e movimentos repetitivos de parte do corpo. Já as espasticidades são causadoras de desequilíbrio e desregulação do tônus do músculo, tendo como principal causa a paralisia cerebral.
"Doenças causadas por acidentes vasculares cerebrais, traumatismos cranioencefálicos e medulares também já podem ser tratadas através do uso do botox", destaca o neurologista. Além das enfermidades citadas, o médico realça, ainda, que a substância também tem se mostrado promissora para tratamento de distúrbios, como a hiperidrose palmar, doença causada pelo excesso de suor nas mãos, o bruxismo, hábito de ranger os dentes, responsável por gerar fortes dores de cabeça, e a bexiga hiperativa, doença causada pelo aumento da frequência urinária.
Funcionando há, aproximadamente, três meses, no Hospital São Rafael, o ambulatório de bloqueio neuromuscular, ainda está em fase inicial, com cerca de 30 atendimentos contabilizados. " O objetivo é proporcionar um tratamento adequado e farmacoeconômico, com segurança e eficácia garantidas ao paciente", ressalta Guilherme Valença, coordenador do serviço.