O primeiro ambulatório de zumbido de Salvador completa um ano em julho. Para comemorar a data, Clarice Saba, idealizadora e coordenadora do Ambulatório Anti-Zumbido - PAZ, e a Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, realizam uma palestra e coquetel no dia 08/07, sexta-feira, a partir das 18h, no Ambulatório Docente-Assistencial da Bahiana (ADAB), na Av. Don João VI, n° 275, Brotas. O evento conta com a participação da médica paulista Tanit Sanchez, pioneira nos estudos sobre o zumbido. Saba e Sanchez trabalharam juntas na pesquisa vencedora do Jack Vernon Awads, em março de 2011.
O PAZ atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS) cerca de 120 pacientes por mês no ADAB. O ambulatório atende exclusivamente pacientes com o zumbido. "Nós não atendemos outros casos, porque assim conseguimos oferecer um serviço de mais qualidade, com uma consulta de um tempo mínimo de 30 minutos", destaca Saba. O tratamento oferecido é multidisciplinar. "O zumbido tem várias causas a exemplo da perda auditiva parcial, questões anatômicas referentes à face, postura, alterações nos níveis de triglicerídeos, pré-diabetes, alto consumo de cafeína, de açucares, dentre outros fatores", explica.
Zumbido
Um chiado, um apito, um barulho de chuveiro ou de cigarra podem ser denúncias de agressão ao aparelho auditivo. O zumbido é um distúrbio das funções auditivas, que consiste na percepção de sons que não são gerados por uma fonte sonora física. Por exemplo, a exposição ao som alto por um longo período, como em um show, deixa a pessoa ouvindo o chiado horas depois da festa, mesmo que o ambiente esteja silencioso. Acontece que, com o trauma, aumentam os impulsos elétricos que a via auditiva envia ao córtex cerebral, gerando os sons. Estima-se que 17% da população brasileira, mais de 30 milhões de pessoas, sofram com o distúrbio. Porém apenas 40% reconhecem os sintomas e um número ainda menor procura por assistência especializada de um otorrinolaringologista.
Segundo Saba, o zumbido não é uma doença, mas um alerta de sofrimento no aparelho auditivo. Ou seja, se caracteriza como um sintoma da agressão. As causas são as mais variadas e podem incidir em qualquer faixa etária. Contudo, o problema é mais frequente entre os idosos e cerca de 33% sofrem com o problema. "O barulho excessivo e exposição a altos níveis de pressão sonora estão entre os principais fatores de risco", explica.
Em cerca de 80% dos casos é possível alcançar cura e em casos mais graves pode-se amenizar o sintoma. No entanto, o maior problema que os especialistas enfrentam é a desinformação. Muitas pessoas desistem de procurar ajuda médica por acreditar que o zumbido não tem cura. A ausência de tratamento pode prejudicar seriamente a qualidade de vida. O sono e a concentração são as funções mais prejudicadas na maioria dos pacientes. Alterações do humor, agravamento de problemas como a hipertensão, diabetes e depressão são algumas consequências conhecidas. Em alguns casos mais graves, já foram identificados episódios de suicídio.
O combate ao zumbido envolve uma abordagem multidisciplinar coordenada pelo otorrinolaringologista com apoio de outras especialidades como psicologia, fonoaudiologia, neurologia, ortodontia etc. "O mais importante no tratamento do zumbido é identificar as causas do problema para definir o tipo de tratamento", afirma Saba. Em alguns casos é administrada medicação específica, em outros é necessária terapia para retreinamento das vias auditivas. O tratamento pode durar cerca de um ano, mas aumenta a qualidade de vida do paciente.