Os pacientes portadores de melanoma, um dos mais agressivos tipos de câncer de pele, têm um alento. Apresentado a médicos e pesquisadores de todo o mundo durante o Congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), em junho de 2011, nos Estados Unidos, um novo medicamento comprovou-se mais eficaz no combate à doença. Um estudo realizado em cerca de 600 pacientes revelou que o remédio diminui o tumor em até 50% e aumenta a sobrevida do doente, que é de um semestre, em média.
De acordo com o oncologista da Clínica São Rafael Onco, Jorge Henrique Leal, até então não existiam drogas quimioterápicas eficazes para esse tipo de tratamento. "A chance de uma quimioterapia tradicional reduzir os sintomas causados pelas lesões ou eliminar o melanoma são de, aproximadamente, 20%. Com a medicação nova, estudada a partir do entendimento da biologia dessa doença, esse percentual de diminuição do tumor elevou consideravelmente. Além disso, 84% dos indivíduos estavam vivos no período de seis meses", detalha.
Outro diferencial da nova droga quimioterápica contra o melanoma, é que ela é utilizada de forma oral. "O paciente vem à clínica apenas para a consulta, mas volta e toma a medicação em casa", destaca Leal. Essa evolução no tratamento do câncer como um todo é fruto do melhor entendimento da origem da doença.
E a compreensão mais precisa faz com que pesquisadores desenvolvam drogas mais eficazes para o tratamento do câncer e, em tese, menos tóxicas do que a quimioterapia tradicional. "A questão é se aprofundar mais ainda na causa do desenvolvimento das mutações genéticas que geram os tipos de câncer. Sejam hereditárias, em que a pessoa herdou de parentes e desenvolveu na vida, ou que adquiriram de forma esporádica, induzido por efeitos externos, como o cigarro, por exemplo", explica o médico.
Para o oncologista, o mundo científico está vivendo uma era de mudanças de paradigmas no tratamento do câncer. "Estamos deixando de dar tiro na ponta do iceberg e atacando a base, pontua. Leal ressalta, também, que as pesquisas para o câncer hoje estão na tentativa de individualizar o tratamento.
"Em um futuro próximo, será possível tratar o câncer de pulmão de fulano, o melanoma de beltrano, já que é possível traçar um perfil genético do tumor do paciente, para tentar discriminar de forma mais apurada qual indivíduo merece tratamento após cirurgia, e com qual tipo de terapêutica ele vai ser melhor beneficiado", define.
Melanoma
"É um câncer de pele bastante invasivo. Não é o mais comum, porém as células têm chance maior de se espalhar pelo corpo. Manchas na pele diagnosticadas por exames dermatológicos são suas características principais. Esse tipo de câncer pode soltar células para os vasos linfáticos ou para vasos sanguíneos gerando metástases. Na fase inicial, a cirurgia gera cura para o paciente na maioria das vezes. Uma vez que as células vão para os gânglios e corrente sanguínea e se alojam em outros órgãos, as chances de cura são mínimas, com tempo de vida médio estimado em seis meses.