Saúde

MÉDICO DIZ QUE HOSPITAIS NÃO DEVEM JOGAR EMBAIXO DE TAPETES SEUS ERROS

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| 01/05/2011 às 12:00
Valter Furlan, do Total Cor: - Morre-se mais na caneta do que no bisturi
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  O diretor médico do Hospital Total Cor de São Paulo, Valter Furlan, afirmou durante o II Meeting de Saúde da Santa Casa Misericórdia, Hospital Santa Izabel, que acontece em Costa do Sauípe, Bahia, neste final de semana, que os hospitais não devem jogar embaixo dos tapetes seus erros e sim checar o que aconteceu, verificar os erros e tomar atitudes de correção.

   "É importante que, cada hospital, tenha uma comissão de qualidade em seu organograma para apurar tudo e trabalhar na conquista de resultados positivos", comenta Furlando destacando, ainda, que a parte complementar desse processo é a divulgação, internamente, e para a sociedade.

   Para tanto, no caso do Total Cor afirmou que seu hospital mantém um portal na internet aberto a todos e murais internos.

  Valter Furlan abordou o tema "Como fazer a segurança de um hospital decolar" disse que morrem muito mais pessoas nos hospitais diante de procedimentos equivocados, erros médicos e outros, do que nos desastres aéreos. 

  Para ambientar sua palestra com o acidente aéreo de Tenerife, nas Ilhas Canárias, com jumbos da PANAM e KLM, mostrando a grande repercussão que este caso se deu no mundo, com 600 mortos, por falta de comunicação adequada entre pilotos, torres e quebra de procedimentos, comentou que essa falta de comunicação, imprudências em procedimentos e outros levam a morte centenas de pessoas/ano, milhares, nos hospitais em todo mundo e não há uma repecurssão tão forte.

  MEDICINA PRATICADA X MEDICINA REAL

  Furlan destaca que o fenômeno é mundial e que há uma medicina praticada e uma medicina ideal e que, entre ambas, existe um abismo, no Brasil em particular, por falta de comunicação entre profissionais de saúde, por ausência de comunicação entre profissionais de saúde e os pacientes, e citou alguns casos (segundo ele comuns entre a maioria dos médicos) de erros que levaram a morte alguns pacientes.

  O diretor do Total Cor comentou ainda que, "morre-se mais na caneta do que no bisturi", o que significa dizer que procedimentos no decorrer do processo de internamento de um paciente e seu acompanhamento, os erros cometidos na troca de medicamentos, em receitas errôneas, na falta de diálogo com pacientes, levam mais à morte do que no ato cirúrgico (bisturi) em sí.

  Para tanto, recomenda todo cuidado na questão do processo, isto é, na vida do paciente quando do seu internamento, chegando tudo em torno do que será orientado para ele, hoje, via on-line, em procedimentos da eletrônica, onde um erro simples na troca de uma letra num medicamento pode ser fatal.

  Outra questão comentada por Furlan é de que os hospitais devem ter, sempre, no seu corpo clínico, farmacêuticos químicos para checar alguns procedimentos.

  Por fim, Furlando destacou que os médicos não devem temer análises sobre seus desempenhos, a regularidade e eficiência do seu trabalho, porque isso é salutar para a profissão.
 
   "Como estou indo? Eis a questão! Como estão os abaixo da média das normas médicas? Outra questão!", finalizou Furlan que a segurança está associada ao trinômio percepção, suposição e comunicação.

   Daí ser necessário chegar tudo nos mínimos detalhes, sempre, até de forma repetitiva.