"Só para calçar uma meia eu tinha que dividir os movimentos em três etapas diferentes, devido ao esforço que eu fazia para executar um ato simples como esse". De acordo com o professor universitário, Wálney Oliveira, 40, esse era um dos problemas que ele enfrentava quando chegou a pesar 180 quilos.
Há pouco mais de um ano ele se submeteu à cirurgia bariátrica (redução de estômago) e já perdeu 70 quilos após a operação. "Para isso eu pratico o Krav Magá e caminhadas, faço alimentação leve e já tive um ganho de massa muscular de, aproximadamente, 10 quilos", afirma.
Oliveira foi um dos cerca de 80 pacientes que participaram da Caminhada de Peso contra a Obesidade. O evento aconteceu durante a manhã deste sábado (30), na Praça do Loteamento Aquarius, no bairro da Pituba, em Salvador. A caminhada foi organizada pelo Núcleo de Obesidade e Cirurgia Bariátrica do Hospital da Bahia (HB). "Enquanto gordos, temos uma vida solitária e segregada, e uma ação como essa ajuda na socialização de obesos, além de enfatizar a preocupação do hospital com o paciente, inclusive os que já foram operados", opina Wálney.
O cirurgião bariátrico, Dr. Luiz Henrique Costa, acredita que o estímulo ao exercício físico é fundamental para o sucesso do processo cirúrgico. "Essa ação é fundamental para que os indivíduos se conscientizem de que devem focar em exercícios físicos e reeducação alimentar para manterem o novo peso, até porque o efeito emagrecedor da cirurgia dura, no máximo, dois anos", explica.
Durante a caminhada, que teve percurso de 1km, os participantes tiveram serviços de aferição de pressão e dados biométricos, além de uma palestra motivacional ministrada pela empresa de assessoria esportiva ATP run. Para o diretor técnico da ATP run, Henrique Marinho, esse tipo de evento é muito importante porque integra pacientes que vão operar com os que já foram operados. "É uma troca de experiências entre eles sobre os resultados da cirurgia e reias benefícios, e mostra que o HB está investindo em prevenção e não só no tratamento", destaca.
O Núcleo de Obesidade do HB, que possui mais de 4 mil pacientes cadastrados, realiza reuniões mensais de acolhimento e conscientizações. Nesses encontros são abordados temas relacionados ao processo cirúrgico, como indicações e contra indicações, técnicas utilizadas, estatísticas, e cuidados no pré e pós-operatório.
"É uma cirurgia que precisa de compreensão do paciente devido à modificação drástica no seu organismo. Por isso, ele precisa de uma transição de aprendizado à nova vida", ressalta Zollinger. Por ser uma cirurgia de alta complexidade, o coordenador destaca a importância de ter uma equipe multidisciplinar no processo, contando com enfermeiro, psicólogo, nutricionista, educador físico e fisioterapeuta.