A detecção precoce é a chave para o sucesso dos tratamentos contra o câncer. Mas nem todos os tumores são malignos.
Hoje, para saber se há células cancerosas presentes em um aglomerado anormal de células, os médicos fazem uma biópsia, retirando pequenas porções do tecido, que são a seguir examinadas em laboratório.
Este processo não é estressante para o paciente apenas pelo incômodo físico da própria retirada de tecido, um procedimento invasivo, mas também porque o exame é muito demorado, criando uma longa expectativa que pode ser emocionalmente devastadora, induzindo efeitos psicossomáticos que podem complicar uma eventual doença.
Sonda-microscópio
Mas isto logo poderá mudar, graças a um novo equipamento que está sendo desenvolvido por cientistas do Instituto Fraunhofer, na Alemanha, e que é capaz de acelerar consideravelmente o diagnóstico de um tumor - na realidade, é capaz de permitir o diagnóstico em tempo real.
Os pesquisadores desenvolveram uma sonda-microscópio com um diâmetro de apenas oito milímetros, capaz de distinguir e ampliar tecido celulares com uma resolução entre 10 e 20 micrômetros.
Acoplada na ponta de um endoscópio, a sonda-microscópio será utilizada para fazer o diagnóstico do câncer in vivo, ou seja, sem que o tecido precise ser removido para ser analisado em laboratório.
A utilização do endoscópio significa que o procedimento poderá menos invasivo do que a retirada de tecido em vários casos. Em outros, afirmam os pesquisadores, quando o tumor estiver no meio de um órgão, a operação cirúrgica minimamente invasiva trará grandes ganhos pela possibilidade de diagnóstico imediato.
Micromáquina
Essa nova "cabeça de microscópio" é na verdade um MEMS, um sistema microeletromecânico, um minúsculo aparelho construído com técnicas semelhantes às usadas na fabricação de processadores de computador.
Em seu interior, um minúsculo espelho movimenta-se para focalizar a luz de um raio laser, que chega até a cabeça do microscópio por meio de fibras ópticas.
Um outro feixe de fibras ópticas captura a luz refletida e leva-a até um sensor externo, que assim recebe um sinal que contém as informações da imagem.
Um detector mede com precisão a posição do microespelho, indicando qual área da cena está sendo iluminada a cada momento. A imagem bidimensional pode assim ser completamente reconstruída pela combinação da posição e dos sinais ópticos.
Endomicroscópio
"Na endoscopia clássica, com imagem macroscópica, o trabalho pode ser feito com sensores de imagem CCD ou CMOS, como os usados nas câmeras digitais e nos celulares. Para a endomicroscopia, no entanto, os sensores de imagem baseados em MEMS são altamente vantajosos porque podem ampliar objetos muito pequenos, tais como células, sem a necessidade de uma grande lente," explica o Dr. Michael Scholles, coordenador da pesquisa.
O pesquisador prevê uma ampla gama de aplicações para o endomicroscópio: "Ele poderá ser usado não apenas na microscopia médica e biológica, mas também na endoscopia técnica, por exemplo, para examinar cavidades em edifícios ou para inspecionar o interior de motores e turbinas."
Recentemente, pesquisadores norte-americanos e chineses desenvolveram um telemicroscópio virtual, que permite a realização de exames clínicos, principalmente biópsias, à distância, via internet.