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Lígia Bahia: - Quem faz atendimento de planos de R$40,00 acaba sendo o SUS
Foto: BJÁ
A professora da UERJ, doutora em saúde pública e pesquisadora Ligia Bahia afirmou neste sábado durante o Meeting de Saúde da Santa Casa de Misericórdia na Praia do Forte que, plano de saúde no Brasil que cobra R$40,00/R$50,00 ao mês é uma "brincadeira" e deveria ser proibido porque não atende sequer o básico. "Vivemos num país em que o padrão deixou de ser o atendimento, e sim quanto o plano pode pagar" frisou.
Para a doutora Lígia, que abordou o tema "Tendências e Cenários para a Saúde em 2015", se os planos de saúde que custam mais caro não prestam um bom atendimento no país e se recusam a aceitar determinados procedimentos médicos de alta complexidade, imagine-se o que acontece com planos de R$40,00 ao mês. "As pessoas acabam sendo atendidas pelo SUS que, no final é quem paga a conta".
Na opinião da pesquisadora, enquanto o Brasil não encarar o segmento da saúde pública de forma universal, coisa que não existe ainda sequer na educação, não haverá avanços significativos. Enquanto nos Estados Unidos, na Ásia e países da Europa a questão saúde faz parte do cotidiano, no Brasil é esse vexame que se vê frequentemente com exposições de mau atendimento postas pela imprensa.
Situa que, no Brasil, a prática médica deixou de ser horizontalizada e lembrou que, quando nasceu no Rio de Janeiro, há cinquenta anos, tempo relativamente pequeno para uma mudança tão grande na medicina, "meu pai pagou ao médico pelo parto num hospital". E que, nos dias atuais, existe uma terceira parte (plano de saúde ou governo) nesse processo e prdeu-se essa relação afetiva com o profissional da saúde.
GRANDE LUCRATIVIDADE
Segundo a professora da UERJ, a medicina no Brasil, em determinados segmentos passou a ser uma área de grande lucratividade, ao contrário do que muitos falam e apregoam erroneamente. E, curioso, completa: "O Sistema de Saúde Público é fundamental para o capitalismo brasileiro nesse segmento".
Defendeu, ainda, o Sistema de Saúde Pública e disse que, ao contrário do que falou Gustavo Loyola, o sistema tem poucos recursos e pode até gastar mal. "Mas, não tem muitos recursos e em comparativos com outros países, nos EUA e Europa não há sequer como aferirir, e perde até para países da América Latina", comentou.