Com atendimento em múltiplas áreas ambulatoriais, cirúrgicas e de tratamento de média e alta complexidade, e um setor de Emergência por onde passam, em média, 560 pacientes/dia, o Hospital Geral Roberto Santos é considerado uma verdadeira escola para os médicos que estão partindo do ensino teórico para a vida prática. Hoje (segunda, 1º/02), o HGRS recebeu quase 70 novos residentes, que vão contribuir com a prestação da assistência à população no Sistema Único de Saúde (SUS) e enriquecer o conteúdo aprendido durante o estudo da medicina.
Os novos residentes foram recepcionados pelo diretor Geral do hospital, Paulo Barbosa; pelo diretor Administrativo, Lerley Ladeia; pelos diretores de Ensino, Marcos Clarêncio e Delvone Freire; e pelo coordenador do Coreme (Coordenação de Residência Médica), Getúlio Fernandes, além do superintendente da SAIS (Superintendência de Atenção Integral à Saúde), Alfredo Boa Sorte, representando o secretário da Saúde do estado, Jorge Solla. Duas palestras foram ministradas: "O residente e a ética médica" e "A importância do HGRS no processo de doação de órgãos e tecidos".
"O Hospital Roberto Santos exerce um papel da maior importância como formador de recursos humanos para o SUS em todas as áreas, inclusive na área médica. Com os residentes, temos uma linha de reciprocidade: nós contribuímos para o enriquecimento do aprendizado deles e o hospital se beneficia com a atuação deles, refletindo em benefícios diretos para a população, que é a nossa razão de ser", afirmou Paulo Barbosa. Este ano, o HGRS conta com três novos programas de residência, nas áreas de neurocirurgia, anestesia e medicina de urgência, e com as sub-especialidades de cirurgia laparoscópica e endoscopia digestiva.
Os quase 70 novos residentes atuarão nas áreas de clínica geral, clínica médica, cirurgia geral, cirurgia vascular, obstetrícia e ginecologia, pediatria, endocrinologia, gastroenterologia, coloproctologia, urologia, cirurgia vascular, urologia, videolaparoscopia e endoscopia digestiva. Outros residentes deverão chegar posteriormente. O HGRS ampliou, de dez para 14, o número de programas, incluindo anestesiologia, neurocirurgia e medicina intensiva, e conta agora com seis novas áreas de atuação: UTI pediátrica, nefrologia pediátrica, neonatologia, medicina de urgência, videolaparoscopia e gastroenterologia (endoscopia digestiva).
Esperanças renovadas
O superintendente de Atenção Integral à Saúde da Sesab - Secretaria da Saúde do Estado da Bahia, Alfredo Boa Sorte, destacou que a chegada de uma nova turma de residentes para o HGRS renova a esperança na otimização da capacidade assistencial e de ensino do hospital. "Com as condições de ensino dadas aqui, os residentes tem a oportunidade de se tornarem melhores profissionais, mais humanos, para melhor atender à população".
Para Boa Sorte, o empenho na formação de profissionais vem ao encontro dos investimentos que o governador Jaques Wagner faz na saúde. "Atingimos a destinação de 14% do orçamento estadual na saúde, 2% a mais do que preconiza a Emenda Constitucional 29, que determina a destinação mínima de 12% dos orçamentos. E somente 11 estados brasileiros destinam esse percentual mínimo para a saúde, o que comprova que, na Bahia, existe o compromisso concreto com o financiamento da saúde", avaliou.
As vagas para residentes, estipuladas pela Comissão Nacional de Residência Médica, ainda são poucas, na visão do superintendente: "Estão muito aquém das nossas necessidades, já que abrimos três grandes hospitais (Irecê, Juazeiro e Santo Antonio de Jesus), vamos abrir mais dois (Hospitais do Subúrbio, em Salvador, e da Criança, em Feira de Santana) e talvez até mais um outro hospital, que é o da Chapada".
Ética, sempre
Além de receberem o Manual do Médico Residente do Hospital Geral Roberto Santos, elaborado pela Coordenação Estadual de Residência Médica (Coreme) com informações e instruções sobre o funcionamento do hospital, mensagens e descrição dos seus direitos e deveres, os novos residentes ouviram da conselheira do Cremeb (Conselho Regional de Medicina), Sumaia Boaventura André, uma aula sobre ética médica. Ela discorreu sobre os princípios constantes no Código de Ética Médica e da Bioética, sobre as responsabilidades civil e penal e refletiu sobre o papel desempenhado pelo médico residente na estrutura hospitalar.
"Somente a vivência cotidiana é que dá a segurança que o novo médico vai precisar em situações futuras, o que implica em estar e ser residente, e não em estar passando um tempo no hospital. É um momento da vida profissional que começa com a graduação, mas essa base não é suficiente: é aqui, na residência, que vocês vão aprender o que é válido, lícito, adequado e, a partir da própria experiência, produzir conhecimento. Vão aprender a dar conta de uma rotina de serviço que demanda grande agilidade, sem abrir mão da técnica, que é a nossa salvaguarda. Sejam esponjas, porque há muito a aprender", disse Sumaia.
Praticar a técnica e também produzir conhecimento científico, considerando que um hospital do porte do HGRS é um "celeiro" dos mais diversos tipos de casos clínicos, são as principais expectativas dos novos residentes David Barbosa Tanajura, 30 anos, e Kelly Alves, 25, ambos com área de atuação em ginecologia e obstetrícia. David ainda não conhece o serviço, o que não acontece com Kelly, que atuou como interna durante o 5º ano da faculdade. "Gostei muito do serviço, principalmente na parte de obstetrícia, e gostaria que houvesse mais estímulo para a produção de trabalhos científicos", disse a médica. Os dois, assim como os demais novos residentes, já começaram a atuar após a recepção.
Doar órgãos é "doar vida"
Nefrologista, com 17 anos no HGRS, José Roberval Ferreira, coordenador da CIHDOTT - Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante, expôs aos novos residentes o trabalho que vem sendo desenvolvido em favor da "doação de vida", com a captação de órgãos e tecidos no hospital, sob sua coordenação, desde agosto de 2007. Integra a comissão uma equipe formada por quatro enfermeiros, dois médicos, uma assistente social, uma psicóloga e o coordenador.
Além de falar sobre a legislação e os mecanismos que envolvem o processo de captação e doação de órgãos e tecidos, Roberval Ferreira apresentou os números registrados pela CIHDOTT nos últimos 2,5 anos e ressaltou o quanto é importante os profissionais de saúde se envolverem nesse trabalho. "A Espanha, o país que mais faz captações, registra 46 doações por milhão de pessoas. No Brasil, esse número é de apenas 8 por milhão. Temos 80 mil pessoas na fila do transplante, 5 mil são renais crônicos".
Pelo menos no HGRS, onde, de acordo com o diretor de Ensino do Coreme, Marcos Clarêncio, existe um projeto de realização de transplantes nas áreas de cardiologia e hepatologia, os números de captações estão crescendo. As captações de córneas, que foram duas em 2005 e nove em 2006, subiram para 25 em 2007 e 72 em 2008. A captação de múltiplos órgãos foi de cinco em 2005 e zero em 2006, foi de seis em 2007 e 15 em 2008. No ano passado, foram 64 captações de córneas e 11 de múltiplos órgãos e, em janeiro deste ano, já ocorreram duas captações de córneas e uma de múltiplos órgãos.