Saúde

PEDIATRA BAIANA RECEBE PRÊMIO CRIANÇA DA FUNDAÇÃO ABRINQ 2009

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| 18/12/2009 às 22:25
Jocete Santos é a premiada do Abrinq edição 2009 por seu trabalho social na medicina
Foto: DIV

Quinze anos dedicados ao trabalho voluntário nas comunidades populares e de risco social, no estado da Bahia e em outros locais do Brasil. Por essa atuação, a 17ª edição do Prêmio Criança, da Fundação Abrinq, homenageou, este ano, a pediatra Jocete Barroco Fontes. "Por onde passa, esta médica carismática conquista muito respeito e reconhecimento, com sua competência, entusiasmo e amor pelo que faz", justificou a escolha, a comissão julgadora.


Instituído em 1989 pela Diretoria de Defesa dos Direitos da Criança, da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos, núcleo que deu origem à Fundação Abrinq, o Prêmio Criança 2009 homenageou a medicina pediátrica por reconhecer que é tarefa destes médicos proteger e cuidar do ser humano "em uma de suas fases mais delicadas, que requer muita atenção e sensibilidade". Foram 32 indicações de organizações sociais, hospitais, secretarias de saúde pública e faculdades, todos mobilizados pela causa da infância e adolescência.


Jocete Fontes, pediatra homeopática, com 28 anos de carreira, foi indicada pela Unidade de Atendimento do Bebê (Infans- Salvador) por sua atuação junto a crianças de zero a seis anos, gestantes e parturientes. "Suas ações vão além dos cuidados com a saúde dos seus pequenos pacientes e ao encontro da garantia dos direitos e bem-estar da criança", explicou ainda comissão.


A entidade Infans cuida de crianças com até três de idade, envolvidas em situações de risco ou de sofrimento psíquico e baseia-se no conceito de que os bebês são constituídos psiquicamente a partir do relacionamento com os adultos que cuidam deles. 


Ao agradecer a homenagem, na cerimônia realizada no HSBC Brasil, em São Paulo, Jocete afirmou que a prática da medicina não se deve se limitar apenas às evidências. "É preciso incluir a conversa olho no olho com a criança antes de expô-la a exames e intervenções desnecessárias, respeitando o universo e as características de cada uma".

Atualmente, a pediatra coordena um grupo de mães e avós, com idade entre 28 e 60 anos, na comunidade da Boca do Rio, atuando na multiplicação de cuidadores - treinamento de mulheres que podem promover mudanças significativas na saúde não apenas de suas famílias, mas em toda a vizinhança.

O grupo, que começou com oito participantes, já conta com 25. Trata-se de uma ação de medicina social que busca orientar para a saúde, ensinando o valor da boa alimentação, dos hábitos de higiene e do trato com as crianças. As mulheres também são atendidas com base em metodologia específica, o FAO (fatores de autoorganização, um novo tipo de medicina homeopática). Motivado, o grupo já realizou mutirões para a recuperação de casas de idosos e famílias com mais dificuldades.

Membro do Instituto Viva Infância, que realiza atendimento ambulatorial com crianças em casos de situações extremas, Jocete vai além das fronteiras da Bahia com sua atuação voluntária. Em Minas Gerais, realiza, mensalmente, na comunidade de Matutu, trabalho ambulatorial diferenciado.

O projeto, ligado ao Instituto da Terapêutica FAO do Brasil, apoiado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, mantém, no local, um grupo de pesquisa. No ano passado, só nessa comunidade, foram atendidas 260 crianças e gestantes, comprovadamente beneficiadas com mais qualidade de vida e melhora na saúde de forma integral.

Também em suas justificativas para a homenagem, a comissão julgadora argumentou que levou em conta o fato de que, "em todas as suas atuações, Jocete procura discutir cada situação com a participação direta da população, respeitando as diferenças culturais e resgatando o saber popular e a autonomia de decisões".

 

Saúde comunitária


Defensora ativa do parto natural - em parceria com um obstreta, Jocete Fontes já realizou mais de 250 procedimentos domiciliares. Ela também levanta a bandeira do aleitamento materno. Foi membro fundador da Via Láctea, uma atividade de incentivo a grupos de mulheres em período de amamentação, de diferentes classes sociais, no Hospital Adventista soteropolitano.


No serviço público estadual, elaborou cartilha de orientação à saúde comunitária, com componentes de medicina popular. Criou uma brinquedoteca, na Pituba, que, à época, se tornou referência na cidade. Trabalhou atendendo 210 crianças em abrigo, desempenhando papel fundamental no setor de adoção, tranqüilizando os pais adotivos a respeito da saúde e possibilidades de seus filhos de coração.


Prêmio


Em sua 17ª edição, o Prêmio Criança já reconheceu 64 iniciativas voltadas à melhoria da qualidade de vida de crianças e adolescentes de todo o país, seguindo os Princípios Norteadores que são indicativos considerados pela Fundação Abrinq fundamentais para definir qual atendimento possui qualidade para a primeira infância. Eles foram definidos com o auxílio de especialistas em educação, saúde, proteção e investimento social privado. Neste ano, dos 355 projetos sociais que se inscreveram foram selecionados 20 semifinalistas, que receberam a visita da equipe técnica e de especialistas da fundação, que escolheram as 10 iniciativas finalistas.


Na cerimônia da entrega do Prêmio, o presidente da Fundação Abrinq, Synésio Batista da Costa, afirmou que a entidade fará uma parceria, em 2010, com a ONG Aliança Internacional Save the Children. Com isso, a previsão é de aumentar de 260 mil para um milhão, o número de crianças e adolescentes atendidos. Isto porque será incorporada à unidade, uma área de emergências visando atender às crianças afetadas por catástrofes e calamidades provocadas por enchentes, tornados e outros desastres naturais.