O Hospital Geral Roberto Santos (HGRS) viveu, ontem, um dia diferente: após alguns anos, foram retomadas as atividades de videolaparoscopia, um procedimento cirúrgico considerado menos invasivo e com inúmeras vantagens para o paciente, a exemplo da pronta recuperação e tempo reduzido de internação hospitalar.
Foi foi realizada a primeira cirurgia, uma colecistectomia (retirada cirúrgica da vesícula biliar). Há dez anos, o hospital não dispunha de equipamento próprio para a realização desse tipo de procedimento. A previsão é que sejam realizados em torno de 30 procedimentos/mês.
A cirurgia videolaparoscópica foi realizada pela equipe do Serviço de Cirurgia Geral do HGRS. De acordo com o coordenador da Emergência Cirúrgica, Thiago de Carvalho Milet, foram feitas quatro pequenas incisões, de 1,5 centímetro cada, e o paciente já poderá deixar o hospital amanhã. "Pelo método convencional, a incisão é bem mais invasiva, a recuperação mais dolorosa e demorada e o tempo de hospitalização seria, no mínimo, de 48 horas. Com a videolaparoscopia, o paciente pode, inclusive, voltar ao trabalho mais rapidamente, tendo um tempo de readequação funcional muito menor".
A videolaparoscopia, um método mundialmente difundido, permite detectar doenças e fazer cirurgias até de alta complexidade. O equipamento é composto por uma câmera de vídeo que transmite a imagem do interior do corpo para um monitor com tela de LCD (cristal líquido). Com o paciente anestesiado, é feito um corte pequeno no umbigo, por onde é introduzida a câmera, e duas ou três incisões no abdômen, para passar os outros instrumentos de cirurgia (pinças, bisturis, tesouras). Os movimentos da equipe de cirurgia são acompanhados pela tela do monitor.
Entre as vantagens da cirurgia videolaparoscópica sobre o método convencional, são destacados o sangramento quase inexistente, menor uso de antibióticos, anestésicos e antiinflamatórios, redução dos riscos de infecção, cicatrizes quase invisíveis, menor trauma cirúrgico, menor tempo de internação e o retorno mais rápido às atividades de rotina. A única contraindicação é para pacientes com insuficiência cardíaca grave.
A videolaparoscopia foi desenvolvida pelos alemães na década de 80. A primeira cirurgia feita no Brasil foi de vesícula biliar, em 1990, em São Paulo, e em Brasília em 1991, no Hospital Santa Lúcia. Na Europa e nos Estados Unidos, cerca de 70% das cirurgias abdominais são feitas com videolaparoscopia.