Um empresário de 29 anos, baiano, residente em Salvador, é o primeiro paciente portador do vírus da influenza A (H1N1) na Bahia. A confirmação foi feita ontem (11), dia em que a Organização Mundial da Saúde, OMS, elevou para o nível máximo (nível 6) o alerta sobre a gripe A, o que transforma a doença na primeira pandemia do século XXI. Hoje (12), o secretário da Saúde, Jorge Solla, comunicou o fato à imprensa, em entrevista coletiva na sede da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab). A Bahia contabiliza, agora, 9 casos suspeitos de gripe A descartados, 1 confirmado e 1 em monitoramento.
A confirmação do caso de gripe A não implica em modificação das estratégias de enfrentamento adotadas desde o início do mês de abril, quando o Ministério da Saúde fez o alerta aos estados sobre a doença, então conhecida como gripe suína. "As ações definidas no nosso Plano de Contingência (Plano de preparação para enfrentamento da pandemia da Influenza no Estado da Bahia) estão sendo desenvolvidas com resultados muito positivos. Todos os casos foram e estão sendo adequadamente monitorados, todas as equipes continuam em estado de alerta, as medidas de vigilância estão sendo tomadas. A Bahia não vai ficar vulnerável com a confirmação desse caso da doença", disse o secretário Jorge Solla.
Da entrevista coletiva participaram, também, a superintendente de Vigilância e Proteção da Saúde, Lorene Pinto, e o médico sanitarista Juarez Dias, técnico da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep) que responde pela Coordenação Estadual de Emergência em Saúde Pública (Cevesp). J
uarez Dias, que está acompanhando mais de perto o paciente com caso confirmado de gripe A, explica que os sintomas da doença, semelhantes aos da gripe comum, se manifestam até cinco dias a partir da data da contaminação, mas que podem ser transmitidos a outras pessoas dois dias antes de se manifestarem. "A partir do momento em que é feito o diagnóstico, a pessoa fica por dez dias sendo acompanhada, e após esse período passa todo o risco de ela continuar transmitindo a doença", afirmou.
Viagem à China
O paciente portador do vírus da gripe A viajou no dia 30 de maio para Miami, nos Estados Unidos, onde chegou no dia 31, quando foi para a cidade de São Francisco. Lá, ele permaneceu por um período de sete horas até tomar o voo para a cidade de Taipé, na China, onde permaneceu do dia 1 ao dia 5 de junho, quando viajou de volta para Los Angeles. Ficou algumas horas no aeroporto de Los Angeles e, já no dia 6, viajou para Salvador, onde chegou às 8 horas da manhã do dia 7. Como não apresentava nenhum sintoma, foi para casa. Entre o dia 8 e o dia 9 apareceram os primeiros sintomas - febre, coriza, tosse, espirros, fadiga e mal-estar - que o levaram a procurar um hospital particular, o Hospital Aliança, onde ficou internado.
O fato foi imediatamente comunicado, pelos médicos do Hospital Aliança, à Vigilância Epidemiológica da Sesab. Foi colhido material para exame (secreção da oro-faringe) e encaminhado ao laboratório de referência em virologia para a Bahia, o laboratório da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro - os outros dois laboratórios de referência para gripe A, no Brasil, ficam em São Paulo (Adolfo Lutz) e em Belém (Evandro Chagas). O resultado chegou já na noite de ontem (dia 11).
QUASE 30 MIL CASOS
A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou nesta sexta-feira que 29.669 casos da "gripe suína" (rebatizada de gripe A H1N1 pela OMS), com 145 mortos, foram confirmados em 74 países, após na quinta-feira essa agência ter aumentado o nível de alerta desta doença para seis (pandemia).
Desde os dados anteriores, foram comunicados 895 casos novos à OMS, e uma morte.
A diretora-geral da OMS, Margaret Chan, declarou ontem a pandemia, ao elevar o nível de alerta à fase máxima de seis, devido à grande extensão geográfica do vírus, mas disse que é "uma pandemia moderada" quanto à gravidade.
Os Estados Unidos comunicaram 13,217 mil casos, entre eles 27 mortos; o México, 6,241 mil casos (108 mortos); o Canadá, 2,978 mil casos (4 mortos); o Chile 1,694 mil (2 mortos); e a Austrália, 1,307 mil casos.
Em seguida, vêm Reino Unido (822 casos), Japão (549), Espanha (488), Argentina (343) e China (188).
Apesar do anúncio de ontem da OMS, o Governo francês decidiu manter para esse país o nível cinco de alerta.
"Na França, não há circulação ativa do vírus", disse a ministra da Saúde francesa, Roselyne Bachelot.
Apesar do nome, a gripe suína não apresenta risco de infecção por ingestão de carne de porco e derivados.
Vacina
O grupo farmacêutico suíço Novartis AG anunciou ter produzido com sucesso o primeiro lote de vacina contra a "gripe suína", semanas antes do esperado. O anúncio acontece no mesmo dia em que a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a gripe suína uma pandemia.
A decisão foi motivada pelo aumento dos casos de infecção pelo vírus nos EUA, Europa, Austrália, América do Sul e em outros lugares. A OMS diz que as fabricantes de medicamentos possivelmente terão as vacinas aprovadas e prontas para a venda depois de setembro.
A Novartis disse que irá utilizar a primeira leva da vacina para avaliação pré-clínica e testes. O produto também está sendo considerado para testes clínicos, afirma a companhia.