Um tombo alertou a artesã Maria Zélia Carvalho Nunes, 68 anos, para um problema do qual, até então, não sabia ser portadora: a osteoporose. Com muitas dores e limitações no seu dia-a-dia que a deixavam insegura, ela procurou ajuda, mas seu organismo não absorvia bem os medicamentos.
Há cerca de dois anos, iniciou o tratamento com o Teriparatida - Hormônio da Paratireóide (1-34), conhecido como "formador de ossos". "Hoje, eu posso dizer que tenho qualidade de vida", depôs. Zélia é uma dos quase 300 pacientes que utilizam o Teriparatida, medicamento de alto custo que, na Bahia, é dispensado gratuitamente dentro do protocolo técnico com regulamentação estadual. Nos outros estados, o SUS só fornece o medicamento via ação judicial.
O sucesso do tratamento com Teriparatida foi atestado na pesquisa pioneira conduzida pelo geriatra Antonio Carlos Silva Santos Júnior, membro do Comitê Científico da Sociedade Brasileira de Osteoporose e diretor científico da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia/regional Bahia.
Durante um ano, foram pesquisados 37 pacientes em uso do Teriparatida pelo Cedeba - Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia, órgão da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab). "O medicamento é aprovado pelo FDA (órgão do governo estadunidense) e em países da Europa, mas não havia estudos aqui no Brasil", informou o geriatra, atestando que, durante o tratamento, os pacientes não voltaram a ter fraturas e ainda ganharam massa óssea.
A pesquisa foi realizada de 2005 a 2008 e apresentada, em março deste ano, no 9º Congresso Europeu sobre Aspectos Clínicos e Econômicos da Osteoporose e da Orteoartrose em Atenas, na Grécia. Hoje (quinta, 28), ela foi apresentada no Fiesta Bahia Hotel, onde também foram lançadas a campanha nacional Combate e Prevenção da Osteoporose e a revista "Equilíbrio - para uma vida melhor".
Do evento, participaram a diretora do Cedeba, Reine Marie Chaves Fonseca, representando o secretário da Saúde, Jorge Solla; a diretora do Creasi (Centro de Referência Estadual de Atenção ao Idoso), Mônica Frank; o reumatologista Rubem Lederman, integrante da International Osteoporosis Foundation (IOF); o geriatra Antonio Carlos Silva Santos Júnior; e Suely Roitman, presidente da Fenapco, Federação Nacional de Associações de Pacientes e de Combate à Osteoporose.
Hoje, a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia, por meio da Diretoria de Assistência Farmacêutica, disponibiliza o medicamento para 289 pacientes, dos quais 239 na capital e 50 no interior, cadastrados no Cedeba e no Creasi, também da Sesab, referências para a dispensação do medicamento. O protocolo para uso do Teriparatida inclui pacientes com fratura relacionada à osteoporose, osteoporose grave (perda de massa óssea com risco de fratura espontânea) e que fizeram uso de outros medicamentos sem melhora comprovada da massa óssea. O Teriparatida, observa a diretora do Cedeba, Reine Marie Fonseca, deve ser indicado por um profissional de saúde endócrino, clínico ou geriatra.