Vide entrevista
Guilhardo Fontes Ribeiro, pneumologista e professor da Escola Bahiana de Medicina
Foto: Div
Medidas de prevenção e esclarecimento das vantagens da abstenção do fumo é o tema da palestra que o pneumologista
Guilhardo Fontes Ribeiro, doutor em Medicina Interna e defensor da causa anti-tabaco, ministra no próximo dia
27 de maio, às 10 horas, no posto de saúde Orlando Imbassahy, no Bairro da Paz, em homenagem ao Dia Mundial Sem Tabaco (31 de maio).
Uma das mais graves e longas pandemias da humanidade, o tabagismo mata atualmente cinco milhões de pessoas no mundo e 200 mil no Brasil, com previsão de aumento da mortandade para dez milhões em 2020.
Considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como a principal causa de morte evitável em todo mundo, o tabagismo para os pneumologistas não se constitui apenas num fator de risco para outras doenças. "É uma doença crônica, epidêmica, transmissível através da propaganda e publicidade", declara
Guilhardo Fontes, que também é pr
ofessor adjunto da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública.
No dia 29, o médico também falará sobre o mesmo assunto em evento realizado pela Secretária Municipal de Saúde, na Praça João Pondé, em Paripe, pela manhã.
Cerca de 100 mil jovens começam a fumar a cada dia no mundo, a grande maioria (90%) antes dos 19 anos de idade, sendo a idade média de iniciação aos 15 anos, numa fase de construção de personalidade em que estão susceptíveis as mensagens e exemplos ao seu redor.
No Brasil, são estimadas, hoje, cerca de 200 mil mortes por ano em conseqüência do tabagismo. Por conta dessas estatísticas, a OMS considera o tabagismo a maior causa isolada evitável de morte precoce em todo mundo, representando um dos mais graves problemas de saúde pública dos tempos atuais.
Por que considerar o
tabagismo uma pandemia?
- Porque é a principal causa de morte evitável no mundo, é contagiosa (tabagismo passivo), é transmissível (através do exemplo dos fumantes formadores de opinião como: ídolos, pais, irmãos mais velhos, professores, médicos e outros), sendo as maiores vítimas, as crianças e adolescentes com personalidade em formação.
Acredito que como toda pandemia, o tabagismo mereça atenção semelhante do governo, população e da mídia, comenta o médico Guilhardo Fontes Ribeiro. A população deve ser informada sobre quais são as medidas de prevenção, complicações e tratamento existentes, acrescenta.
Apesar de todas as campanhas e restrições ao fumo em locais públicos, o número de vítimas ainda é grande. O fumo mata mais que a soma das mortes causadas por AIDS, acidentes de automóveis, cocaína, heroína, álcool, suicídios e incêndios.
Consequências
A constatação de que a nicotina é uma droga fez com que a OMS incluísse o tabagismo no grupo dos transtornos mentais e de comportamento decorrente do uso de substâncias psicoativos na Décima Revisão da Classificação Internacional das Doenças (CID 10). A dependência à nicotina obriga os fumantes a se exporem cronicamente à cerca de 4.720 substâncias tóxicas, fazendo com que o tabagismo seja um fator causal de aproximadamente 50 doenças, entre elas, vários tipos de câncer (pulmão, laringe, faringe, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, rim, bexiga, colo de útero), doenças do aparelho respiratório DPOC (enfisema e bronquite crônica), asma, infecções respiratórias, doenças cardiovasculares (angina, infarto agudo do miocárdio, hipertensão arterial, aneurismas, acidente vascular cerebral, tromboses).
O tabagismo influencia negativamente na saúde sexual e reprodutiva dos adultos nos seus vários aspectos, desde a impotência masculina, assim como reduz em 40% as chances da mulher engravidar.
O vício tem se concentrado nas populações de baixa renda e nível de escolaridade inferior, que tem menor acesso à informação, educação e saúde. Segundo o Banco Mundial, o tabagismo agrava a fome e a pobreza, pois muitos pais de família deixam de alimentar seus filhos para comprar cigarros, devido à dependência da nicotina, sendo que em alguns países pobres é mais barato comprar cigarro que alimentos.
Além dos danosos efeitos para os fumantes, o tabagismo atinge também os não fumantes, os denominados fumantes passivos, com grande repercussão principalmente na saúde das crianças e idosos.
"O fumante é um dependente de nicotina que necessita de apoio e de respeito para superar a dependência química", destaca o pneumologista. Para isso deverá receber tratamento médico especializado. O fumante deve procurar seu pneumologista, pois ele saberá como ajudá-lo a vencer esse desafio e esclarecer os enormes benefícios da abstenção do fumo.