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Os acidentes mais comuns são provocados por queimaduras nesta época do ano
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As férias escolares são muito esperadas pela criançada, já que representam sinônimo de descanso e alegria. Mas é justamente nesse período, onde as crianças passam mais tempo em casa, que os pais precisam ter cuidados redobrados com os pequenos.
Conforme estatísticas médicas, os campeões em atendimentos em pronto socorro durante as férias são as queimaduras, intoxicações, quedas e afogamentos. Entre os ambientes com altos índices de acidentes estão a cozinha, onde fogão, botijão de gás, tomadas, baldes, talheres e objetos cortantes se tornam elementos de alto risco.
Com este cenário, pais devem estar atentos e esses e outros riscos. De acordo com o cirurgião pediátrico da equipe do Itaigara Memorial Hospital Dia, José Bahia Sapucaia Filho, entre os acidentes que podem ocorrer no ambiente doméstico estão o contato e ingestão de medicamentos e produtos químicos, que podem causar intoxicação e queimaduras, além de tanques e vasos sanitários sem a devida fixação no chão, que podem levar a lesões abdominais e ferimentos graves.
"Também podem acontecer cortes provocados por batidas em pontas de mesas, aspiração ou ingestão de corpo estranho, a exemplo de brinquedos e pequenos objetos, o que pode causar insuficiência respiratória aguda", esclarece.
CONFUNDIR CRIANÇAS
O cirurgião pediátrico explica ainda que o armazenamento de produtos químicos em recipientes como garrafas de refrigerante podem confundir as crianças, levando-as a ingerir estes produtos, e podendo levá-las a morte. "Os pais devem ficar atentos também às piscinas e baldes ou recipientes que contém água, que podem provocar afogamento. Materiais pérfuro-cortantes, como facas e tesouras, devem ser mantidos fora do alcance dos pequenos.
Outras recomendações são evitar tomadas, fios elétricos, tapetes soltos próximo dos móveis para não escorregar, colocar grades de proteção nas camas das crianças menores, e não permitir de forma alguma, crianças na cozinha", alerta Sapucaia Filho. Traumas e fraturas em braços e pernas também são bastante comuns.
Boa parte das contusões, entorses e até mesmo fraturas sofridas por crianças ocorrem dentro de casa. Conforme dados da Sociedade Brasileira de Ortopedia Pediátrica (SBOP), a região mais atingida nos pequenos é o membro superior, cerca de 26% dos casos, sendo a fratura mais comum no antebraço, principalmente o punho. Já no membro inferior a perna é a parte mais atingida", diz o especialista.
OLHOS DAS CRIANÇAS
Em relação aos olhos da criançada, a oftalmopediatra Marta Hercog, que integra a equipe da Oftalmoclin, afirma que os ferimentos com objetos pérfuro-cortantes, como tesoura, lápis e faca são os principais incidentes.
"Neste caso, é preciso procurar imediatamente a emergência. Mas se forem por produtos de limpeza, o indicado é lavar logo com água corrente e procurar a emergência. E de preferência levar o frasco do produto", indica Marta. "Caso algum corpo estranho ou objeto fique preso ao olho, os responsáveis não devem tentar removê-los ou usar qualquer tipo de substância, mesmo que seja colírio, para tentar melhorar. É importante procurar um médico", recomenda.
MODELOS DE
ATIVIDADES
A orientadora pedagógica Maíza Cotrim, do Colégio Anchietinha, diz que a presença de um adulto é indispensável para supervisionar toda e qualquer brincadeira, para evitar esses acidentes. "A dica para os pais é incentivar a criança a explorar o ambiente em que se encontra, mas sempre acompanhada. Crianças entre 2 e 6 anos, por exemplo, estão na idade de desenvolverem sua capacidade física e cognitiva, necessitando de atividades que ofereçam esse estímulo.
Elas precisam de atividades passivas ou tranqüilas, como leitura e televisão, além de tempo para brincar, correr e pular", explica. Prevenção Para evitar escorregões e quedas, é indicado que as crianças usem calçados anatômicos e com solado antiderrapante.
De acordo com a orientadora pedagógica Maíza Cotrim, para evitar problemas dentro de casa, uma opção é substituir alguns brinquedos pela versão alternativa, a exemplo da massa de modelar feita de farinha de trigo e anilina, que descarta os riscos de intoxicação, caso seja ingerida. Ainda que sejam aparentemente inofensivas, a pedagoga reforça a necessidade de um adulto para supervisionar as brincadeiras e sempre estar alerta para os objetos e materiais que possam oferecer risco às crianças. "Todo cuidado é pouco", ressalta.
Embora a faixa etária mais comum dos acidentes domésticos seja a pré-escolar, já que as crianças não têm muita firmeza na marcha e desconhecem o perigo, os pais também devem ficar atentos aos pré-adolescentes e adolescentes, onde os traumas são mais relacionados aos acidentes em esportes e lazer, como quedas de bicicletas, por exemplo. "Com um pouco mais de atenção e cuidado, pais e filhos vão poder curtir as férias de forma tranqüila, alegre e saudável, sem contratempos", finaliza o médico José Bahia Sapucaia Filho.