Saúde

BAHIA FAZ TRANSPLANTE CARDIÁCIO PELO SUS COM APOIO CENTRAL SESAB

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| 17/12/2008 às 21:14
Equipe média durante coletiva no Hispital Santa Isabel (Foto/ Adenilson Nunes)
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  O primeiro transplante cardíaco pelo Sistema Único de Saúde (SUS), realizado na Bahia, depois de 16 anos, aconteceu, segunda-feira (15), no Hospital Santa Izabel, em Nazaré.


  Todo o processo de identificação do doador e captação do órgão foi feito pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), por meio da Central de Transplante de Órgãos (CTO).


  O procedimento cirúrgico, de alta complexidade, durou aproximadamente cinco horas e mobilizou uma equipe médica composta por seis cirurgiões, três instrumentadoras, quatro anestesistas e dois perfusionistas (profissional responsável pela circulação extra-corpórea). O anúncio do transplante foi feito pela equipe, nesta terça-feira (16), em entrevista coletiva à imprensa.


  A paciente receptora é uma mulher de 29 anos (por questões éticas seu nome não foi divulgado) que sofria de uma cardiopatia numa das válvulas do coração e teve o diagnóstico da doença aos seis anos.


  Aos 13 anos, ela se submeteu à primeira cirurgia. Como o músculo do coração já estava irremediavelmente doente, o transplante era sua única chance de sobrevivência. O doador foi um homem de 39 anos, cujos órgãos foram doados pela família.

Segundo os médicos, a paciente não executava mais tarefas simples do cotidiano como tomar banho e pentear os cabelos. Os médicos não arriscam dizer quantos anos a paciente pode viver a partir de agora, mas garantem que sua sobrevida é consideravelmente maior depois da cirurgia.


MAIS VIDA

"Existem pacientes transplantados que ganham 20 anos a mais de vida", declarou o coordenador clínico da equipe do transplante, Gilson Feitosa Filho.

O pós-operatório está sendo feito na UTI cardiovascular do hospital, aos cuidados de uma equipe interdisciplinar (médicos, enfermeiras, fisioterapeutas, nutricionistas e outros profissionais). A paciente deve permanecer na unidade intensiva pelos próximos 10 dias, sob restrições de visitas devido a complexidade e riscos inerentes ao procedimento.


Segundo a equipe médica, a transplantada encontra-se com boa evolução do quadro, acordada, consciente e respirando sem ajuda de aparelhos. O cirurgião- cardíaco e chefe da equipe que executou o procedimento, Ricardo Eloy, informou que os cuidados neste período são essenciais, uma vez que o risco de infecção e rejeição do órgão, por parte da paciente, é mais freqüente nos três primeiros meses após a cirurgia.


Unidade referência


O Hospital Santa Izabel é tido como o centro de referência cardíaca do estado. Na unidade são realizados procedimentos completos que vão do diagnóstico, passando pelas cirurgias cardíacas, culminando com o transplante, anunciado nesta terça. O projeto de transplante da instituição foi planejado durante dois anos.

Desde agosto deste ano, o Santa Izabel está credenciado pelo Ministério da Saúde para realizar o transplante cardíaco. "A cardiologia no estado chega ao seu ápice", avaliou a diretora do hospital, Lícia Cavalcanti.


O hospital abriu uma lista de espera. Por enquanto, apenas um paciente está na fila. "Uma lista só pode ser aberta quando existe um serviço já estabelecido", informou a direção do hospital, explicando o motivo de haver apenas um paciente inscrito. "Só vai ser possível aferir a demanda a partir de agora", esclareceu.


Para que haja transplantes são necessários, uma equipe médica capacitada, centros cirúrgicos para procedimentos de alta complexidade e o doador. "Por isso é importante o envolvimento da sociedade no processo de conscientização. Sem doador não há transplantes", ressaltou o coordenador estadual de transplante, Eraldo Moura.

Os últimos seis transplantes cardíacos realizados no estado foram na década de 90, entre os anos de 91 e 92. As cirurgias aconteceram no Hospital Português da Bahia, também pelo SUS.