Saúde

CONGRESSO DEBATE ELIMINAÇÃO DE MIOMAS SEM NECESSIDADE DE CIRURGIA

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| 21/11/2008 às 10:40
Existem vários tipos de miomas nos úteros das mulheres (Foto/Ils)
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Um novo procedimento para eliminação de miomas, que descarta a necessidade de cirurgia e preserva o útero da mulher, a embolização, é um dos principais temas do 11º Congresso da Sociedade Brasileira de Radiologia Intervencionista e Cirurgia Endovascular (Sobrice), que será realizado nesta sexta-feira, 21, no Hotel Costa do Sauípe Conventions, em Costa do Sauípe.
 
O método não-invasivo já utilizado com sucesso no tratamento de aneurismas e tumores cerebrais, está sendo aplicado para eliminar tumores uterinos, possibilitando à mulher engravidar posteriormente ao tratamento. O Congresso contará com a participação de especialistas de vários países.

A programação terá foco na atualização da técnica que está sendo introduzida na Bahia como alternativa à cirurgia para retirada de miomas. Criada pelo médico francês Jacques Ravina, em 1991, a técnica consiste na introdução de um microcatéter na artéria da perna, fazendo com que chegue até uma das artérias uterinas que alimentam o útero e o mioma, bloqueando-a com micropartículas, provocando uma espécie de enfarto do tumor. As vantagens são inúmeras para as pacientes que querem tratar o mioma sem correr o risco da perda do útero.

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"Basta dizer que muitas se tornam aptas a engravidar após se submeterem ao tratamento", observa Dr. Marcus Vinicius Borges, do Instituto de Radiologia Intervencionista da Bahia - Inradi. O procedimento é realizado em 50 minutos e a paciente tem alta seis horas após a intervenção.

"Em 13 dias ela já está de volta a sua rotina normal", resume o intervencionista. Para o Dr. André Goyanna, também do Inradi, a importância de difusão da embolização, procedimento aprovado pelo FDA (Food and Drug Administration), um dos órgãos de Saúde mais exigentes do mundo, se evidencia a partir do percentual expressivo de mulheres com mioma.

De acordo com dados disponíveis no Inradi e na Sociedade de Ginecologia da Bahia - Sogiba, cerca de 60% de mulheres com mais de 40 anos têm mioma. Como 30% de mulheres com mioma são negras, a estatística é ainda mais enfática na Bahia, onde se concentra a maior população de afrodescendentes das Américas.

Entre as mulheres que têm o tumor uterino, de 20% a 50% desenvolvem sintomas como dor, sangramento e infertilidade, casos nos quais quase sempre opta-se pela cirurgia para retirada do mioma (miomectomia) ou do útero (histerectomia). Embora não existam dados no Brasil, a histerectomia - cirurgia que resulta na retirada completa do útero vem sendo muito praticado nas redes pública e particular de Saúde e inclusive em mulheres em idade reprodutiva.

O volume é tão grande que em hospitais públicos uma paciente precisa ficar de quatro a cinco meses na fila de espera para realizar a cirurgia. A preocupação de médicos como Dr. André Goyanna e Dr. Marcus Vinicius Borges, integrantes do pequeno grupo de intervencionistas que vêm trabalhando com a embolização de pacientes com tumor uterino, no estado, é quanto "a banalização deste tipo de intervenção tão radical, como a histerectomia".
 
Embora mais de 40 mil pacientes em diversos países já tenham se submetido ao tratamento, inclusive no Brasil, onde vem sendo mais difundido nas regiões Sudeste e Sul, na Bahia o percentual de pacientes embolizadas ainda é inexpressivo, contrapondo-se ao número cada vez maior de intervenções cirúrgicas. A expectativa dos intervencionistas é de que a partir da recente determinação da Associação Nacional de Saúde - ANS, os planos de saúde passem a cobrir o tratamento, orçado em torno de R$12 mil.