Uma grande polêmica dividiu opiniões no estado e no resto do país depois que o ex-coordenador do colegiado do curso de Medicina da Universidade Federal da Bahia, Antônio Natalino Dantas, no dia 30 de abril de 2008, colocou à tona questões relativas ao sistema de cotas no vestibular da UFBA e foi acusado de racismo ao justificar o baixo rendimento do curso no Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes). A nota foi 2 num universo de 1 a 5 e, segundo ele, a reprovação foi causada por um baixo quoeficiente de inteligência dos baianos e porque alunos cotistas teriam contaminado o resultado e reduzido a nota. O reitor da UFBA, Naomar Ameida Filho, falou ao iBahia.com sobre a situação da Faculdade de Medicina respondendo a perguntas da Redação e dos internautas. iBahia.com - O que influenciou o baixo desempenho dos estudantes da UFBA no Enade? Alguns alunos podem ter entregue a prova zerada, em branco, e isso baixou a média. As conseqüências para a Faculdade de Medicina já estão patentes, ela está numa crise muito séria, e a própria universidade sofre com isso. E a Bahia sofre com isso também, até porque, na polêmica, foi a inteligência dos baianos que foi posta em questão. iBahia.com - Então o senhor não acredita que haja deficiências no curso e que tenham contribuído para o baixo desempenho? O fato do boicote contribuiu para que o curso fosse reprovado, mas eu não estou defendendo que não existam problemas. Eu acredito que os problemas existem como em muitos cursos da nossa universidade, onde há uma série de dificuldades estruturais, outras de pessoal, mas algumas dessas dificuldades não estão presentes na Faculdade de Medicina. É um equívoco que está sendo veiculado, de que faltam professores. Não faltam: a Faculdade de Medicina tem 308 docentes para atender 1100 alunos; isso dá 3,5 alunos por professor. Isso é um luxo: nem a Universidade de Harvard tem isso! Todos os 308 professores ativos, destes tem um conjunto de substitutos que estão justamente no lugar daqueles inativos, que se aposentaram. A nossa instituição tem tido um cuidado, a Reitoria, tem tido o cuidado de repor imediatamente os docentes para que não haja dissolução de continuidade. Mas, ainda no caso da Medicina, a Escola recebeu um tratamento especial que não está sendo divulgado: nós destinamos 28 professores substitutos além da cota a que a Faculdade tinha direito para atender à reforma curricular, que é muito interessante. Eu, pessoalmente, estou apoiando como posso esta reforma, porque acho que ela pode mudar o paradigma de ensino, valorizando mais a assistência básica em saúde e menos essa assistência hospitalar especializada. iBahia.com - Já havia reportes anteriores, em outros anos, de que havia deficiências na Faculdade de Medicina, havia uma lista de problemas no relatório passado, por exemplo. O que já foi feito e o que será feito em relação a esses problemas? iBahia.com - E em relação a problemas como o seguinte: alunos que pegam disciplina de cirurgia, vão a uma sala de cirurgia onde há dez estudantes da turma. Muitos não conseguem ver o procedimento que está sendo feito. iBahia.com - Não esta na hora da UFBA participar mais das questões ligadas à educação na Bahia, desde o Ensino Superior ao infantil, e, quem sabe, coordenar um PAC da educação junto ao Governo do Estado? Mas, além disso, nós estamos participando do Projeto Escola Nova, com o Instituto Anísio Teixeira, que vai organizar uma rede de escolas do Ensino Médio que vão ter especialidades. Algumas escolas serão mais ensino de ciências, outras mais para ensino de artes e outras mais formação esportiva. E a universidade vai participar diretamente disso na supervisão. E ainda tem uma terceira contribuição, que não é pequena, que é as ACC's [Atividade Curricular em Comunidade] da universidade. No novo desenho do bacharelado interdisciplinar, as ACC's se tornarão obrigatórias e uma parte forte delas será justamente a ação de alfabetização nas comunidades e programas de integração de alunos. Aqui, a gente tem o Projeto Nenhum a Menos, em que os alunos de Pedagogia vão buscar na casa aqueles estudantes que estão faltando à escola. |