O debate no Plenário Cosme de Farias da Câmara, com médicos, especialistas no assunto e portadores da enfermidade, serviu de alerta para o perigo do glaucoma, que, com o tempo, danifica o nervo óptico de forma irreversível.
Para o vereador e médico Odiosvaldo, "é preciso detectar a doença na fase inicial e criar mecanismos de alerta por meio de campanhas esclarecedoras". Destacou também a necessidade de se implantar políticas públicas de saúde, entendendo que "a saúde pública não pode ser apenas estatal, mas, sim, complementada por outras iniciativas, como a privada".
"O glaucoma não tem cura", destacou a palestrante Cláudia Galvão, presidente da Associação Bahiana de Oftalmologia, que apresentou o tema "Glaucoma: possível repercussão de uma doença silenciosa na cidade do Salvador". A pesquisadora versou sobre a doença como um todo, desde o processo de inflamação do nervo óptico e o aumento da pressão ocular.
O chefe do Setor de Oftalmologia do Hospital das Clínicas, Roberto Marback, frisou que "o glaucoma representa hoje, estatisticamente, a maior causa de cegueira na humanidade". Salientou que as pessoas que ficam cegas em decorrência da doença adquirem traumas que ficam pelo resto da vida.
FALTAM DADOS
ESTATÍSTICOS
Assim como o vereador Odiosvaldo Vigas, o oftalmologista Roberto Marback lamentou a ausência de dados estatísticos precisos em Salvador, assegurando, com pesar, que os pacientes continuam cegando. A médica Fabíola Mansur de Carvalho, representante da Associação Bahiana de Medicina, frisou que "a falta de informação é a maior cegueira".
Já a doutora Nedy Maria Branco, representante do Conselho Regional de Medicina, pediu um estudo detalhado do glaucoma no Estado e em Salvador. Com o resultado dos estudos, observou, seria possível traçar as estratégias de combate à doença.
A doença em si
O glaucoma é causado por diferentes enfermidades que, na maioria dos casos, levam a um aumento da pressão intra-ocular. O aumento da pressão é causado por um bloqueio ao fluído no interior do olho. Com o tempo, causa dano ao nervo óptico. Através da detecção precoce, diagnóstico e tratamento, pode-se preservar a visão.
O nervo óptico é a parte do olho que carrega a informação visual até o cérebro, sendo formado por mais de um milhão de células nervosas. Quando se eleva a pressão no olho, as células nervosas tornam-se comprimidas, o que as danifica, e eventualmente até causa sua morte. A morte destas células resulta em perda visual permanente. O diagnóstico e o tratamento precoces do glaucoma podem prevenir esta situação.
A doença pode ser tratada com colírios, medicamentos orais, cirurgia a laser, cirurgias convencionais e uma combinação desses métodos. O propósito do tratamento é impedir perda visual ainda maior. Manter a pressão intra-ocular em níveis baixos, sob controle, é a chave para a prevenção da perda visual nos casos de glaucoma.
As formas mais comuns são: glaucoma primário de ângulo aberto, glaucoma de pressão normal, glaucoma de ângulo fechado, glaucoma agudo, glaucoma pigmentar, síndrome de esfoliação e glaucoma pós-trauma.