Crianças com orelhas de abano são frequentemente alvo de chacotas. Na escola, não passam despercebidas pelos colegas em lugar nenhum. Mas viver a infância sendo chamado de "dumbo", "açucareiro", "quinze para as três", "táxi de portas abertas" e outros apelidos pejorativos pode fazer muito mal para a auto-estima desses pequenos.
Para evitar os traumas, muitos pais estão aderindo à otoplastia infantil, cirurgia indicada para a correção externa da orelha. "A partir dos seis ou sete anos de idade as orelhas já atingiram praticamente seu tamanho definitvo, pois se desenvolvem mais precocemente que o restante da face. Por isso os melhores candidatos ao procedimento são pacientes a partir desta idade que demonstrem interesse em se submeter à cirurgia", aponta o cirurgião plástico Edvan Leite.
O problema não passa de uma imperfeição, pois só seria considerado defeito se prejudicasse a função da orelha, o que não acontece. Mesmo assim, devido à questão estética - responsável por causar marcas no comportamento de crianças com freqüência - é uma das cirurgias plásticas mais realizadas na infância. É mais comum em meninos do que em meninas. "E costuma ter alto grau de satisfação", acrescenta o médico.
A cirurgia
De acordo com o cirurgião plástico Edvan Leite, o tempo de uma otoplastia estética varia de 60 a 90 minutos, "mas a cirurgia reconstrutora pode demorar um tempo maior e exigir mais de uma cirurgia dependendo do caso". A anestesia normalmente é local com sedação. As cicatrizes são praticamente invisíveis por se localizarem atrás da orelha, no sulco formado entre ela e o crânio. Além do mais, como se trata de região de pele muito fina, a própria cicatriz tende a ficar quase invisível.
Segundo Edvan Leite, os pontos são retirados oito dias após o procedimento. "Assim que se retira o curativo já temos em torno de 80% do resultado almejado. Após oito semanas o resultado é definitivo. Convém salientar que uma leve assimetria sempre ficará, pois mesmo as pessoas não operadas e que tenham orelhas normais, não apresentam simetria absoluta", diz.
O tempo de recuperação costuma ser em torno de uma semana, porém o paciente deve usar uma faixa especial para dormir até completar um mês. "A proteção da cicatriz é feita com curativos pequenos. Só nos 30 primeiros dias durante a noite, uma espécie de faixa deve ser usada a fim de proteger o local e evitar traumatismos locais", explica o cirurgião.