Segundo dados fornecidos pela Agecom até ontem (30), foram notificados 1.287 casos de meningite na Bahia. Deste total, 67,6% estão concentrados em Salvador o que caracteriza um surto da doença na cidade. Os casos notificados este ano só foram superados pelos ocorridos em 2003.
Desde o início de 2007 já foram registradas 60 mortes decorrentes da doença, 10 delas na capital. A Secretaria Estadual da Saúde (Sesab) acredita que, de acordo com as características clínicas, a maioria dos casos é de origem viral.
Os dados foram fornecidos pelo secretário da Saúde, Jorge Solla em entrevista coletiva na sede da Diretoria de Vigilância Sanitária e Ambiental (Divisa). O secretário adjunto de Vigilância do Ministério da Saúde, Fabiano Pimenta, também participou da entrevista por meio de videoconferência.
Em função do surto, a Sesab junto com a secretaria municipal da Saúde intensificou as ações de prevenção. Mas alerta que, não existe vacina para a doença que é causada pela inflamação da membrana que reveste o cérebro.
"Como é originada por vários tipos de vírus e bactérias e pode ser decorrente de complicações provocadas por outras doenças que eles provocam, a meningite pode ser evitada se a pessoa mantiver todas as vacinas em dia", disse o secretário Jorge Solla.
No ano passado, foram registrados 496 casos de meningite em Salvador, sendo que ocorreram 36 óbitos. A taxa de letalidade da doença que no ano passado foi de 9,4% caiu para 1,2% este ano. A Sesab atribui o aumento do número de casos ao trabalho de notificação que vem sendo feito pela secretaria que está com uma equipe trabalhando na identificação de casos nos hospitais e postos e saúde do estado.
Apesar de ainda não ter identificado e quantificado todos os vírus e bactérias que estão provocando os casos na Bahia, a Sesab acredita que a maioria deles seja decorrentes do Enterovírus. "A contaminação por esse vírus se dá por via oral. Cuidados simples como a limpeza das caixas d'água e a lavagem das mãos evitariam essa contaminação", disse Fabiano Pimenta. O Ministério da Saúde ainda não tem o número de casos em outras capitais para poder fornecer um ranking nacional de ocorrência.
Diante do surto de meningite verificado em Salvador desde meados de junho, a população deve ficar atenta a alguns cuidados. Quem apresentar sintomas como febre, dor de cabeça, dor na nuca e sensação de irritação intensa deve procurar uma unidade de emergência o mais rápido possível. A maior incidência em Salvador não tem explicação, mas a Sesab orienta as pessoas a evitarem ambientes fechados e aglomerados, porque a transmissão da meningite se dá pessoa a pessoa, via oral ou respiratória.
Não há vacina ou proteção específica para a meningite viral, cujo tratamento acontece com internação hospitalar, à base de soro e medicamentos que ajudam o organismo a se reabilitar. A doença não deixa seqüelas. O médico sanitarista da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep), Juarez Dias, recomenda que se procure um médico ao identificar qualquer um dos sintomas da doença e alerta que o SUS está apto a oferecer o tratamento. Em Salvador, ele indica o Hospital Couto Maia como sendo a unidade de referência.