A crise da saúde voltou ao debate na AL
A situação crítica no atendimento de emergência dos hospitais públicos da Bahia levou o deputado Tarcízio Pimenta (DEM) a afirmar nesta tarde de segunda-feira, na Assembléia Legislativa que, ou o governo toma uma providência imediata, ou a população vai continuar sofrendo muito nos corredores dos hospitais, inclusive com muitas mortes.
Denunciou, ainda, que "caso venha a se confirmar, a interdição do Hospital Dom Pedro de Alcântara pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia deverá reverter-se numa das mais escandalosas usurpações perpetradas pelo poder público estadual contra uma instituição de saúde, tendo como fito denúncias (não comprovadas) de desvio dos recursos conveniados com o Ministérios da Saúde utilizados para reequipar o HDPA".
Segundo Pimenta, a intervenção do Dom Pedro estaria sendo urdida entre os governos federal e estadual, que para açambarcá-lo vão se apoiar no sofismático argumento de que a rede pública carece de vagas para fazer frente à demanda.
Instituição centenária, o hospital tem caráter altruísta e pertence a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia. A intervenção, caso se confirme, segundo asseguram fontes próximas aos círculos de decisão da Sesab, se constituirá, também, numa medida de força que, por certo, provocará reações das autoridades municipais e da Federação Nacional das Santas Casas, organismo ao qual se encontra vinculado o hospital feirense.
O democrata pondera que a Sesab poderia até intervir no convênio firmado entre o hospital e o Refosus, que propiciou a recuperação física e equipou a UTI do HDPA, "mas jamais se assenhorear das suas instalações físicas, pois a natureza jurídica que o envolve não permite tais manobras", disse Tarcízio.
ANÁLISE DO CONTEXTO
Em reunião de avaliação os superintendentes, diretores, assessores e diretores regionais da Secretaria da Saúde do Estado, ouviram uma exposição do secretário da Saúde, Jorge Solla, o qual, fez uma análise do contexto em que o SUS está inserido e destacou os problemas encontrados pela gestão.
"É importante a compreensão de como estamos vendo o SUS na Bahia. Um contexto complicado, pela concentração de renda na mão de poucos", disse. Solla destacou que a complexidade do SUS se dá por ele ser universal e passar desde as ações de vigilância, por problemas sociais como a violência, até o aumento da expectativa de vida da população.
De acordo com Solla, a rede própria do estado é muito desarticulada e as unidades não se vêem como um coletivo, que devem trabalhar juntos para um ser suporte do outro. "Além da falta de articulação das ações assistenciais, como a vigilância, o senso comum da população sobre o sistema não é dos melhores, uma vez que a sociedade não consegue identificar o papel do SUS", destacou Solla.
Para o secretário, a situação da Saúde na Bahia ainda é pior. O estado viveu, por muitos anos, num contexto de política conservadora e fisiológica e a saúde era utilizada como moeda de troca. Ele enfatizou que o atual momento é uma oportunidade única.
"Apesar de todo o esforço de nossa equipe, ainda estamos muito aquém dos desafios que nos estão colocados. Não podemos nos acomodar com o que pode ser considerado positivo, quando comparado aos contextos anteriores", afirmou.
Ele disse que durante este primeiro período, o governador Jaques Wagner tem colocado a saúde como prioridade. "Prioridade significa fortalecer as bases para que os resultados sejam alcançados. Mas também significa maior grau de cobrança de nossa equipe", completou. Solla afirmou que a equipe foi montada por pessoas de diversas áreas e origens, o que possibilita um grupo com experiências que somam.