Dados da Divisão de Vigilância Epidemiológica (Divep) da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) mostram que 734 casos de meningite na Bahia (427 deles em Salvador) e 36 mortes (10 na capital) já foram contabilizados este ano. Em se tratando de meningite viral, foram 477 casos em todo o estado e 11 mortes. Desse total, Salvador responde por 311 ocorrências e duas mortes. Para efeito de comparação, foram registrados 107 casos de meningite viral e duas mortes na capital durante todo o ano de 2006.
Causada por vírus, bactérias, fungos e até por produtos químicos utilizados em quimioterapia ou radioterapia, a meningite é uma doença infecciosa caracterizada por inflamação nas meninges (membranas que recobrem o cérebro). O destaque vai para a meningite viral, embora seja o tipo mais benigno e de baixa letalidade. Mais freqüente em crianças de até cinco anos, a doença é de curta duração e os pacientes geralmente se recuperam em cinco dias - no máximo, sete.
Não há vacina ou proteção específica para a meningite viral, cujo tratamento acontece com internação hospitalar, à base de soro e medicamentos que ajudam o organismo a se reabilitar. A doença não deixa seqüelas. O médico sanitarista da Divep, Juarez Dias, não recomenda a automedicação e avisa que o SUS está apto a oferecer o tratamento.
VACINAS
Os demais tipos de meningite contam com vacinas disponíveis. A rede pública oferece a BCG, que previne contra a meningite tuberculosa e é dada desde o nascimento. Tomada a partir do primeiro mês de vida, em quatro doses, e também disponível no serviço público de saúde, a vacina tetravalente combate difteria, tétano, coqueluche e a meningite causada pela bactéria Haemophilus influenzae.
Já o Centro de Referência de Imunobiológicas Especiais (Crie), que conta com duas unidades em Salvador - uma no Hospital das Clínicas e outra no Hospital Couto Maia -, oferece vacinas contra a meningite meningocócica tipo C e a pneumocócica, mas elas somente são indicadas em casos de surto e para pacientes em condições especiais - imunodeprimidos, com anemia falciforme e pessoas em tratamento quimioterápico ou radioterápico.
A diferença básica entre a meningite viral e as demais formas da doença é que essas últimas apresentam um curso mais longo. "A meningocócica tipo C e a provocada pela bactéria Haemophilus influenzae podem deixar seqüelas motoras, auditivas e da fala", explicou Dias.
Para detectar os agentes etiológicos e identificar até mesmo uma causa para o surto, o Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia (Lacen/BA) está colhendo material dos pacientes, como soro, fezes e liquor (líquido que banha o cérebro e a medula espinhal) e enviando-o à Fundação Oswaldo Cruz do Rio de Janeiro (Fiocruz/RJ) para estudos.