Saúde

SÃO JOÃO É TEMPO DE FESTA E DE QUEIMADURAS. TODO CUIDADO É POUCO

Prevenir é a palavra de ordem dos médicos
| 22/06/2007 às 14:24
 Todo ano após as festas de São João acontece um problema recorrente nos consultórios médicos, pessoas com queimaduras nas mãos e nos olhos após o manuseio de fogos de artifício.
 
  Os pacientes, que em sua maioria são crianças, acabam seduzidos com a variedade de opções de materiais explosivos e não se previnem contra acidentes.

   Preocupados com o problema, cirurgiões plásticos e oftalmologistas alertam, principalmente aos pais, que o uso de fogos pode gerar lesões em diversas partes do corpo.

   Nos olhos, por exemplo, podem ocorrer danos irreversíveis de córnea, traumatismos, queimaduras superficiais das pálpebras, até gerar danos permanentes à visão. Já nas mãos, que também são, frequentemente, as partes do corpo mais atingidas nestes acidentes, além de queimaduras de primeiro, segundo e terceiro graus - que podem acarretar a perda da função motora - os fogos provocam muitas vezes a mutilação de dedos ou de toda a mão.

  INFLAMAÇÃO OCULAR

   Segundo o oftalmologista José Martins Leitão Guerra Filho, da equipe da Oftalmoclin, além da queimadura, os fragmentos das bombas, junto com as ondas provocadas pelo choque da explosão, podem ocasionar uma inflamação ocular, chamada de uveíte. Por isso, os cuidados devem começar no momento da escolha e compra dos fogos, observando sua procedência e orientações fornecidas pelo fabricante até mesmo saber se a pessoa que irá manusear tem um mínimo de preparo.

   "Muitos nos riscos causados aos olhos e anexos, que são muitos, podem ser evitados com o simples uso de óculos de proteção, impedindo assim que fragmentos incandescentes tenham contato direto com o globo ocular", afirma Leitão Guerra.
 
   Em caso de acidentes com queimadura na córnea, afirma o oftalmologista, deve-se lavar abundantemente os olhos com água corrente, diminuindo os danos aos tecidos oculares. E procurar um oftalmologista para realizar uma melhor avaliação e indicar o tratamento necessário.
 
   "Deve-se dar atenção especial às crianças, pois até os traques de massa, aparentemente inofensivos, têm o poder de lesar a córnea, se indevidamente utilizados. 
   
   PREVENIR

   Prevenção é, portanto, a palavra de ordem neste São João", alerta Dr. Guerra. Mãos queimadas podem sofrer reimplantes De acordo com a cirurgiã plástica Cristina Menezes, do Centro de Cirurgia Plástica e Cirurgia de Mão (Cenprim), em caso de danos severos dos membros superiores, pesquisas realizadas na área médica nacional revelam que o índice de sucesso em casos de reimplante é de 80%.

   Este percentual, porém, cai em casos de reimplante de mãos atingidas por fogos de artifício, pelo alto nível de destruição dos tecidos. Ela explica que apesar disso, nos últimos dez anos a técnica do reimplante tem conseguido minimizar o sofrimento das vitimas de acidentes violentos com os fogos de artifício, nos quais os mais atingidos são crianças e adolescentes.
 
   "A curiosidade e a imprudência são as causas que levam as pessoas a se machucar. Quando uma bomba não explode, é comum pegá-la novamente para ver o que aconteceu. E é neste momento que normalmente o artefato explode, provocando danos terríveis", afirma ela. Quando a destruição da mão é grande, inviabiliza o reimplante. A médica afirma que em caso de acidentes com bombas em que parte da mão tenha sido atingida, o correto é pegar o membro amputado, acondicioná-lo imediatamente em um saco de plástico limpo, envolvendo-o no gelo.

   "Deve-se evitar colocar o membro atingido diretamente no gelo porque este contato pode ocasionar a queimadura dos tecidos, afetando os vasos sangüíneos", lembra acrescentando que o ideal é que esta pessoa seja atendida no máximo até seis horas depois do acidente. Já em queimaduras superficiais, uma das técnicas de reconstrução de tendões e nervos é a tubalização. Isso ocorre quando há perda nervosa de um a quatro centímetros.

   Coloca-se uma prótese de silicone fazendo uma ponte entre as extremidades do nervo lesado, permitindo que o nervo cresça dentro do tubo, posteriormente retirado. Segundo Cristina Menezes, pesquisas estão sendo feitas com a aplicação de células tronco retiradas da medula óssea e tecido adiposo, com o objetivo de acelerar o processo.