O Jardim Botânico de Salvador, localizado em São Marcos, recebeu nesta terça-feira (3) duas ações relacionadas à Semana do Meio Ambiente. O espaço, gerido pela Secretaria Municipal de Sustentabilidade, Resiliência, Bem-estar e Proteção Animal (Secis), promoveu uma trilha guiada para crianças, entre elas alunos da rede municipal de ensino. Além disso, o auditório do local foi escolhido para o encerramento do programa internacional Gap Fund, que oferece assistência técnica para o desenvolvimento de projetos climáticos para financiamento.
O subsecretário da Secis, Walter Junior, conta que abrir o local para a população é uma das missões do Jardim Botânico: "O jardim está localizado numa área que era conhecida como Mata dos Oitis, e temos aqui espécies nativas da Mata Atlântica. Na medida em que a gente atrai esses jovens e a população em geral, estamos contribuindo com a educação ambiental, estabelecendo um contato com práticas de preservação e um chamado para a ação. A gente só vai ter de fato um meio ambiente preservado e uma adaptação às mudanças do clima quando tiver a colaboração de cada cidadão", afirmou.
Durante a trilha, as crianças, acompanhadas dos pais, puderam ter um momento de aprendizado em meio à natureza com uma aula sobre biodiversidade e preservação. A dona de casa Cristiana de Jesus, de 43 anos, aproveitou a oportunidade para levar os três filhos, Jonas, José Miguel e Ana Vitória, de 16, 6 e 14 anos, respectivamente. "Estou feliz de estar aqui com os meus filhos, de ter sido chamada para conhecer o Jardim Botânico. E os meninos nunca vieram, o que torna a experiência algo único em nossas vidas", comentou.
Os alunos da Escola Municipal Ministro Simões Filho, localizada na sede da OAF, na Lapinha, também participaram da atividade. As crianças, do 1º e 2º anos, estavam acompanhadas da coordenadora pedagógica Débora Santos Medeiros, que aproveitou a Semana do Meio Ambiente para realizar a aula extraclasse. "Viemos fazer essa aula de campo para que, na sala de aula, a gente possa trabalhar com eles de uma forma melhor do que apenas falando e mostrando vídeos. Eles vão chegar em casa, vão conversar com os pais, com os primos, e com esse contato eles podem até trazer a família toda para cá", disse.
Os interessados em agendar uma visita ao Jardim Botânico podem entrar em contato através do e-mail [email protected].
Gap Fund - Desde 2022, Salvador conta com o apoio do programa internacional Gap Fund. Com coordenação do GIZ (Agência Alemã de Cooperação) e financiamento do Banco Europeu de Investimento (BEI) e do Banco Mundial, o programa apoiou a Prefeitura, por exemplo, na elaboração de um modelo de negócios e de governança para o Parque Socioambiental de Canabrava.
"Eles viabilizaram diagnósticos e estudos da flora local, e, além disso, a consultoria contratada pelo programa nos apresentou um modelo de gestão integrada para o parque. Esse trabalho foi construído de forma compartilhada, com apoio essencial do Escritório de Cooperação Internacional, que articulou esse diálogo com a GIZ. Foi um avanço importante para estruturarmos equipamentos sustentáveis que vão beneficiar diretamente a cidade de Salvador", apontou Ivan Euler, titular da Secis.
De acordo com o diretor de Sistemas de Áreas de Valor Ambiental e Cultural de Salvador (Savam) da Secis, João Resch, o encontro no auditório encerra as atividades em parceria com o Gap Fund focado no novo Parque Socioambiental de Canabrava. "A proposta é que o parque seja multifuncional, com áreas de lazer, contemplação e um horto para produção de mudas da Mata Atlântica. A previsão inicial é de 12 mil mudas por ano, mas os estudos mostram que podemos ir além. Também teremos uma área de compostagem, em articulação com a Limpurb e a Seman, que será pioneira em Salvador, com uso do material no paisagismo da cidade e, dependendo da escala, até para a população", explicou.
Segundo Resch, o parque ficará no entorno do Barradão, em uma área estratégica que inclui o antigo aterro sanitário, desativado há mais de 20 anos, o Hospital Veterinário Municipal, as cooperativas de reciclagem e a central de transbordo. "Será um símbolo de recuperação ambiental. A proposta já foi apresentada à comunidade no último sábado, e hoje consolidamos todos os encaminhamentos para avançar com as estratégias de efetivação. A expectativa é que ainda este ano tenhamos um retorno positivo, para começar a colocar o projeto em prática a partir de 2026."
Como órgão articulador das políticas públicas internacionais da cidade, o Escritório de Cooperação Internacional foi responsável por todo o processo de articulação com o Gap Fund. Desde a captação do contato com a GIZ até a mobilização das secretarias envolvidas no projeto, tudo passou pelo ECI.
"Nosso papel é justamente encurtar a distância entre a cooperação internacional e a realidade local, mostrando como iniciativas como essa podem potencializar os projetos da cidade e transformá-los em referências de boas práticas. A parceria com a GIZ permitiu preencher uma lacuna que existia na pré-estruturação do Parque Socioambiental de Canabrava — e é por isso que o programa se chama Gap Fund, já que 'gap' significa lacuna em inglês”, disse a coordenadora do Escritório, Nathália Peixoto.
A diretora de Projetos da GIZ no Brasil, Ana Carolina Câmara, falou sobre a importância do parque: "É fundamental que ações relacionadas à pauta climática se traduzam em melhorias reais para a população. Projetos como este reforçam que o desenvolvimento sustentável precisa vir acompanhado de qualidade de vida, espaços de lazer, economia local fortalecida e redução de riscos ambientais para comunidades historicamente vulneráveis. É isso que justifica nossa atuação e a da cooperação alemã como um todo aqui no Brasil", afirmou.