Salvador

BARROQUINHA ZERO HORA ERA QUEM ABRIA O CARNAVAL DE SALVADOR NO SÁBADO

Ficávamos no janelão do Jornal da Bahia esperando o bloco passar e alguns jornalistas seguiam na patisca
Tasso Franco ,  Salvador | 25/02/2025 às 09:56
Foliã do Barroquinha Zero e a tiara identificando o cordão
Foto: Antiguinho
     Lembro que trabalhava no Jornal da Bahia no final dos anos 1960, diário que se localizava no Largo da Barroquinha e tinha no domingo sua edição mais robusta inclusive com caderno de Cultura e nessa época o jornal só fechava a primeira página na madrugada. E no momento do Carnaval ficava esperando a passagem do cordão "Barroquinha Zero Hora" que saia da Independência, pegava a Veteranos, seguia pela Baixa dos Sapateiros, passavem em frente do janelão do Jornal da Bahia (onde ficávamos olhando) e seguda para a praça Castro Alves, isso na virada de sábado para domingo.

    Daí vem o nome "Zero" tinha que desfilar na mudança do sábado para o domingo e a concentração começava por volta das 21h os carnavalescos ajustando os couros e tomando uns birinaites (birita da noite). O desfile deste cordão representaca como se fosse a abertura oficial do Carnaval e isso perdurou até meados dos anos 1970 quando os trios elétricos passarama a dominar o Momo.

     O cordão - como os demais da década de 1950/1960 - era constituido pelos moradores da Barroquinha, Gravatá, Independência e Baixa dos Sapateiros. A baixa já chamada de JJ Seabra era uma rua mista de comércio, serviços e residência e muitos artesãos de sapatos (daí o nome Baixa dos Sapateiros), tambores, pandeiros, etc, morava nela e seus becos.

   O "Antiguinho" mostra a foto desta mulher vestida com a "mortalha" daquele ano que deveria ser bem colorida, com uns estampados meio "psicodélicos", a palavra "Dengo Dengo"e o nome da Bahia escritos e, o desenho de uma baiana na frente. Os homens usavam uma bata com manga comprida e, me parece, estavam vestidos com calça comprida, sinal de que o clima de Salvador já foi mais ameno. Na testa, "a moça das fotos" e todos usavam uma faixa com o nome Barroquinha Zero Hora em volta da cabeça (e todos os blocos e cordões da época os participantes usavam a tal faixa com o nome da sua agremiação).

   O QUE ERA UM CORDÃO CARNAVALESCO

   Um cordão carnavalesco é um grupo ou cortejo de pessoas que desfilam no carnaval. Os cordões costumam ser compostos por mascarados que representam personagens como palhaços, diabos, reis, rainhas, índios, baianas, entre outros. Os cordões são conduzidos por um mestre que comanda o grupo com um apito. 

  O primeiro bloco de carnaval de rua registrado no Brasil foi o Cordão da Bola Preta, fundado em 1918 no Rio de Janeiro. O bloco foi criado por um grupo de amigos que se vestiam com roupas de bola preta. 
Os blocos de carnaval são uma forma típica de celebrar a festa no Brasil. São cortejos em que as pessoas desfilam por um trajeto previamente definido, ao som de samba e no ritmo da bateria. 

  Quase todos cordões do Carnaval de Salvador eram formados por pessoas da classe trabalhadora, geralmente negros e mestiços. O objetivo, aqui, era tomar as ruas e brincar o carnaval, mas havia aqueles que desfilavam com o objetivo do embate social, como é o caso do emblemático C"ordão Carnavalesco Come Lixo" . Em 1963, o tema do cordão foi “Rico come carne, pobre come lixo”. 

  Na quarta-feira voltaremos com mais memórias do reinado de momo.

  
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