Salvador

LAVAGEM DO BONFIM VIRA PRÉ-CARNAVAL E PERDE MUITO SENTIDO RELIGIOSO

Cardeal Sérgio da Rocha deveria se pronunciar sobre esse assunto como fazia Dom Lucas Moreira Neves
Tasso Franco , Salvador | 16/01/2025 às 17:10
Filhos de Gandhy bloco de afoxé e a multidão
Foto: BJÁ
  A Lavagem do Bonfim se transformou num pré-Carnaval e perdeu o sentido religioso que tinha até no seu mais famoso slogan: "Quem tem fé vai a pé". De fato, milhares de pessoas foram a pé entre a basílica de Nossa Senhora da Conceição e a basílica do Bonfim, a grande maioria pagodando, sambando, axezando e dançando atrás, à frente e nos lados dos minitrios, carros de sons estilo paredão e bandas de sopro. A religiosidade ainda existe, porém, para uma minoria.

   E, como já aconteceu com os festejos ao 2 de Julho os politicos, seus partidos e grupos sindicais também levaram seus blocos com faixas, cartazes e apupos ao governador Jerônimo Rodrigues e ao prefeto Reis que participaram da festa, o primeiro sendo considerado o algoz do Planserv e o segundo de só beneficar "ricos e brancos" como lemos numa faixa da turma do PSOL.

  Tudo o mais que era tradição ficou reduzido ao mínimo minimorum como as baianas vestidas com seus trajes tipicos, os bicicleteiros e os cavaleiros. Os carroceiros foram excluidos da festa pelos Defensores dos Animais. Tinha inclusive um deles no cortejo com palanque armado nas proximidades da Feira de São Joaquim soltando o verbo. O deputado pastor Isidório também entupiu trechos da festa com placas elogiando Wagner, Rui e Jerônimo num marketing velho puxasaquiano.

   A Prefeitura que, ontem, havia prometido em nota uma série de medidas não conseguimos enxergar o que fez. Não houve fiscalização alguma nas vendas de bebidas e comidas e os preços e a qualidade dos produtos variaram muito. Vários ambulantes estavam vendendo a cerveja Henneken em garrafa, a long-neck, e os motoristas de Uber e táxis cobravam R#150,00 numa corrida Bonfim-Barra sendo que a noite o preço pulou para R$300,00. 

   E onde estava a Transalvador?Monitorando o trânsito no Largo do Tanque, Uruguai e Boa Viagem. E onde estava a Vigilância Sanitária? Nãlo vimos. E a GM? Também não vimos. A caminhada foi pacífico. Fiz todo o percurso e não vi uma briga nem vi a água que a Embasa disse que daria aos  foliões. Teve bloco carnavalesco com mais de 500 foliões pagantes desfilando protegido por cordas, no estilo Carnaval.

   Na Calçada, o CB Militar deu uma ducha d'água nos foliões. A música mais tocada pelas charangas foi "Frevo Mulher" de Zé Ramalho; e "Cometa Mambembe", de Carlos Pitta, recentemente falecido. (TF)