Diversidade, diversão e acessibilidade marcam a segunda noite do Festival Virada Salvador. Para garantir que essa mensagem saia do discurso para a prática, a Unidade de Pessoa com Deficiência (UPCD), órgão vinculado à Secretaria Municipal de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre), disponibiliza diariamente um espaço acessível com 50 lugares para pessoas com diversos tipos de deficiência e eventuais acompanhantes, para aproveitar os shows na Arena Daniela Mercury. O atendimento é realizado por demanda espontânea, por ordem de chegada, até a lotação total do espaço.
Paraplégico, o comerciante Valdoneu Vieira, de 53 anos, esteve pela primeira vez na festa e aproveitou da melhor forma todos os momentos. "Cheguei cedo, não encontrei qualquer dificuldade para acessar o camarote. Tive toda assistência necessária, aproveitei maravilhosamente o espetáculo, sem me preocupar com o tempo, com segurança e o que pude constatar é que todos os presentes ficaram muito satisfeitos".
Segundo Thamyres Azevedo, coordenadora do Camarote Acessível, a proposta desse espaço acessível é promover equidade para o festival, oportunizando um local com conforto, segurança e comodidade para as pessoas com deficiência assistirem aos shows da mesma forma que os demais foliões que vão curtir o evento. Para isso, foi construído um espaço alto, coberto, com segurança e sanitário exclusivo, para que possam aproveitar a festa na companhia de amigos e familiares, com a melhor infraestrutura possível.
Muitos ainda não conheciam o espaço e demonstraram grande surpresa ao descobrir essa oportunidade cedida pela Prefeitura de Salvador. A princípio, a UPCD/Sempre tinha a previsão de ingresso às 15h e dispersão a partir das 3h. Entretanto, devido à demanda e por conta das solicitações dos próprios usuários, o horário de funcionamento do espaço será das 17h às 6h da manhã. "Decidimos estender o horário, seguindo até o fim da festa, de forma que todos possam se sentir acolhidos, incluídos e respeitados", assegura Thamyres Azevedo.
Na quarta-feira (28), dia de abertura do evento, o espaço recebeu 35 pessoas com deficiência e 22 acompanhantes. "Muitos deles preferem não vir com acompanhantes,pois têm mais autonomia. Além disso, tivemos a presença de crianças autistas, pessoas em cadeiras de rodas, outras com mobilidade reduzida, crianças com síndrome de Down e outras tantas deficiências".
A coordenadora do espaço explica também que, além da diversão, o espaço tem a missão e o objetivo de estabelecer que é possível para todos, não somente para as pessoas ditas "normais" participar dos grandes eventos da cidade sem restrições quanto ao espaço e ao tempo de permanência.
"A importância deste espaço é se colocar como mais um lugar de relevância para todos. Não adianta falar de espaço público, de público diverso, sem realmente incluir a todos. Portanto, criar um local para abrigar pessoas, independente da condição, mostrando que ela pode curtir como todas as outras, tendo deficiência ou não. Para que as pessoas possam se divertir da forma mais natural possível. Até porque, para que as coisas sejam normalizadas, é preciso que se tornem hábitos. Logo, quanto mais pessoas com deficiência ocupem os lugares e se torne algo comum", destacou.
Entrada - O local funciona por demanda espontânea, com o cadastro da pessoa com deficiência e do acompanhante - quando necessário. As pessoas são livres para deixar o espaço e retornar sempre que desejarem, a partir da apresentação de uma pulseira de identificação. O limite de ocupação é de 50 pessoas por vez.