Governante que não respeita a história por ela é esquecido
Tasso Franco , Salvador |
19/03/2022 às 09:22
Palácio Thomé de Souza
Foto: BJÁ
Salvador vai completar 473 anos no próximo dia 29 como a primeira capital do Brasil. Antes, ainda sem o nome de Salvador e sim de Capitania da Bahia foi a sua sede a partir de 1534, mas, os historiadores baianos do IGHB desconsideraram essa data e a presença de Francisco Pereira Coutinho e também de Diogo Alvares, o Caramu, que chegou 1510, e só consideraram o 29 de março de 1549, chegada da esquadra comandada por Thomé de Souza, o fundador da cidade fortaleza.
Thomé era um militar e pouco estava se interessando por esses detalhes. A Corte que cuidasse da história e o rei da época, Dom João III, queria mesmo era consolidar a conquista do Brasil. Essa era a missão de Thomé: organizar uma cidade que fosse fortaleza e sede do governo geral com a estrutura fazendária assentada (a máquina arrecadora de imposto que perdura até hoje), o jurídico estabelecido e o econômio a avancar pelo Recôncavo com a plantação de cana de açúcar.
Luis Dias, o mestre de obras que veio na esquadra de Thomé, escolheu este local onde você veem a foto do Palácio Rio Branco, para ser a sede do governo e ergueu um palácio neste local - só existe agora em gravuras e desenhos - os governadores que vieram administrar a Colônia despachavam e moravam. Thomé, o primeiro, inicialmente morou na Casa do Concelho (com c) da época de Pereira, que ficava na Ladeira da Barra.
Depois, mudou-se para o Palácio quando ficou pronto. A data é incerta de sua mudança. Provavelmente, final de 1549, a início de 1550. Depois dele, vieram Duarte da Costa, Mem de Sá e outros e o antigo palácio foi derrubado dando lugar ao que você vê na foto, no século XIX inicio do XX e ai despacharam os governadores até que ACM mandou construir o Centro Administrativo, nos arredores da Av Luiz Viana (Paralela).
Ainda tive a oportunidade de trabalhar neste palácio no governo de Roberto Santos, governador da Bahia entre 1975/1979, atuando na área de imprensa com Isidro Otávio do Amaral Duarte, o titular da comunicação. Ainda não era secretaria e o setor de imprensa funcionava numa area do palácio com porta que dava na rua Direita do Palácio, absurdamente conhecida como Chile.
Com os governadores despachando na Paralela, o Palácio entrou em decadência até abrigar o Memorial dos Governadores e uma agência do Baneb. Agora, o governo do estado decidiu concessionar o local e transformar num hotel. Um absurdo, pois, a memória da cidade vai para as calendas. Mas, paciência, quem tomou essa atitude sofrerá, no futuro, o peso da história. Governante que não cultua a história por ela é esquecido. (TF)