O líder de Cuba, Miguel Díaz-Canel, afirma que os protestos acontecem por problemas causados pelas sanções econômicas aplicadas pelos EUA. O presidente Joe Biden diz que o povo "exige sua liberdade de um regime autoritário".
A Casa Branca disse que os protestos sem precedentes ocorridos em Cuba foram espontâneos e negou que o embargo imposto pelos Estados Unidos tenha exacerbado a crise econômica que os provocou. Além disso, o governo americano informou que está avaliando como ajudar "diretamente" o povo cubano.
Em sua entrevista coletiva diária, a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, disse que, no momento, ela não tinha nenhum anúncio a fazer sobre uma possível mudança na política do presidente dos EUA, Joe Biden, sobre Cuba.
"(Mas) obviamente, dados os protestos que ocorreram nas últimas 24 e 48 horas, estamos avaliando como podemos ajudar diretamente o povo de Cuba", afirmou.
O serviço de Internet móvel foi restabelecido na quarta-feira (14) pela manhã em Cuba, depois de três dias de interrupção após as históricas manifestações de domingo, mas era impossível acessar as redes sociais e os aplicativos de mensagens instantâneas com dados móveis, observou a AFP.
Por meio das tecnologias 3G ou 4G, o acesso ao Whatsapp, Facebook e Twitter, entre outras redes, seguia bloqueado.
"É verdade que faltam dados [móveis], mas faltam medicamentos também", respondeu na terça-feira o ministro das Relações Exteriores, Bruno Rodríguez, ao ser questionado sobre o assunto.
Rodríguez acusou os Estados Unidos de realizarem uma campanha no Twitter com a hashtag #SOSCuba para incentivar o mal-estar social na ilha.
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«Sabemos que a situação atual é complexa e desafiadora; complexa pelos diferentes elementos contextuais que a envolvem e pela interação entre esses fatores, e desafiadora, porque exige de nós a capacidade de superar as adversidades, de enfrentar toda essa difamação e a enorme e brutal campanha midiática que está sendo exercida sobre nosso país», destacou o primeiro secretário do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba e presidente da República, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, durante sua participação no programa Mesa Redonda, na televisão cubana, na quarta-feira, 14 de julho.
«Essa situação», acrescentou, «também foi alimentada pelos recentes distúrbios ocorridos de forma concentrada no domingo, 11 de julho, que tiveram incidência menor na segunda-feira, e que entre terça e quarta-feira quase não ocorreram».
«Isso sem dúvida responde, como nosso chanceler denunciou, a um plano deliberado que está em andamento. Por isso», argumentou, «a vigilância revolucionária, o desempenho de nossas instituições, a percepção que devemos ter da situação, são muito importantes, pois respondem a todos os preceitos da guerra não convencional, o conhecido manual do golpe suave».
«Várias coisas coincidiram aqui», apontou o presidente. «Em primeiro lugar», explicou, «há o bloqueio de 60 anos, que se intensificou e se amparou ainda nas 243 medidas restritivas impostas durante o governo de Donald Trump e que vêm sendo mantidas. Além disso, temos o pico da pandemia experimentado nas últimas semanas».
«Porém, há um elemento», alertou, «que não podemos deixar escapar e é que, em meio a essa situação, surgem os resultados da vacina Abdala, que é reconhecida como a primeira vacina da América Latina e que permitem a Cuba dar, então, mais um passo no confronto bem-sucedido contra a Covid-19».
«Por outro lado, já se estava começando a falar e havia alguns sinais das intenções do atual governo dos Estados Unidos de rever alguns pontos da política para Cuba».
«Nesse contexto, houve também a situação energética do país, que já foi explicada, a par de um conjunto de deficiências e insatisfações», disse.
«Esta situação, analisada por quem não quer propriamente o desenvolvimento da Revolução Cubana, por quem não aspira a uma relação civilizada e respeitosa com os Estados Unidos, foi aproveitada por aqueles que acreditavam que este momento era agora ou nunca, sobretudo por causa desse setor muito conservador que une a máfia cubano-norte-americana», destacou.