As duas mulheres integravam a comunidade do Curuzu e do Ilê Aiyê
Tasso Franco , da redação em Salvador |
05/06/2021 às 18:18
Viviane e Morena
Foto: REP
O bloco carnavalesco e entidade cultural Ilê Ayê emitiu nota sobre o falecimento de duas mulheres no bairro do Curuzu, em ação policial. Segundo a nota, "Maria Célia de Santana, conhecida por Morena, parceira de nossa comunidade e que acompanhou a nossa trajetória desde a sua infância, faleceu aos 69 anos de idade, juntamente com a ex-aluna da Banda Erê, Viviane Soares", e enfatiza o compromisso históriCo da entidade na valorização dos direitos humanos.
Diz ainda a nota que "o nosso governador Rui Costa não aprova esses métodos e certamente determinará uma rigorosa apuração dessa tragégia". O Ilê se solidariza com as familias e diz que o momento é de "extrema reflexão". O Ilê não entra no mérito da questão - o tiroteio (vide abaixo) - que resultou nas mortes das suas integrantes e faz apelo por apuração. Hoje, o site da SSP não trouxe nenhuma informação (ou nota sobre o assunto).
O QUE ACONTECEU
As duas mulheres morreram após serem atingidas por disparos de arma de fogo, na noite da última sexta-feira, 4, durante uma ação da Polícia Militar contra suspeitos de um furto de veículo, na rua Contenda, Curuzu.
Segundo informações da Polícia Civil da Bahia (PC-BA) ditas pela A Tarde, equipes foram acionadas para atender a uma ocorrência sobre um carro roubado na região, quando houve o confronto. Ainda conforme o órgão, as vítimas foram identificadas como Maria Célia de Santana, de 73 anos, e Viviane Soares, de 40, e não tinham envolvimento com a ação.
O caso foi registrado por volta das 18h, no boletim diário da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA). Ainda conforme o órgão, as vítimas chegaram a ser socorridas e encaminhadas ao Hospital Ernesto Simões, no bairro do Pau Miúdo, na capital baiana, mas não resistiram.
De acordo com a Polícia Militar da Bahia (PM-BA), equipes da Operação Apolo foram acionadas logo após receberem informações de que um Renault Kiwd que tinha sido roubado no bairro de Nazaré, na noite de sexta-feira, 4, estaria no bairro do Curuzu.
Segundo o órgão, ao chegar no local, a guarnição foi recebida a tiros por um homem armado. Na fuga, o indivíduo causou uma colisão traseira em um caminhão baú e saiu do veículo efetuando disparos contra a guarnição. Houve revide, mas o acusado conseguiu fugir a pé.
Pai de Viviane, uma das vítimas da fatalidade, Jair Pedreiro, como é conhecido na região, lamentou a perda filha na ação. “As corporações estão cheias de despreparados, atirando de tudo quanto é jeito. E agora? Como fica essa vida que se foi? Duas vidas que se foram", declarou à TV Bahia.
"Vou na corregedoria para ver como vai ficar. Não vai trazer a vida da minha filha, não. Minha filha não me deu desgosto. Minha filha corria atrás: trabalhava, fazia unha, fazia faxina. E agora, como é que fica essa situação?”, completou.
O veículo roubado foi periciado, cápsulas foram coletadas no local e outras perícias foram solicitadas. O caso será apurado pela 3ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP)/ Baía de Todos os Santos (BTS).