Embora Salvador ainda não esteja no período mais chuvoso – historicamente ocorre a partir de março até junho -, a cidade segue se preparando com ações preventivas e de redução de desastres. A Prefeitura entregou, nesta sexta-feira (12), a primeira geomanta de 2021, em Matatu de Brotas, em cerimônia simbólica com as presenças do prefeito Bruno Reis; da vice-prefeita e secretária de Governo (Segov), Ana Paula Matos; e do diretor geral da Defesa Civil (Salvador), Sosthenes Macêdo.
Formada por um composto de PVC e geotêxtil com cobertura de argamassa jateada, a nova geomanta possui 190,60 m² e vai beneficiar 20 famílias que vivem na área, considerada de alto risco, trazendo mais tranquilidade. Isso porque a tecnologia é capaz de impermeabilizar o talude evitando erosões superficiais, absorção de águas da chuva e possível risco de deslizamento do terreno. O investimento foi de R$26,3 mil.
“Essa tecnologia implantada em Salvador nos permitiu proteger 204 áreas desde 2016 até agora. É uma solução que garante mais segurança aos moradores e que se somam a outras 100 contenções de encostas definitivas que fizemos na cidade. Embora a capital baiana não esteja imune a problemas, ela está muito mais preparada”, afirmou Bruno Reis.
O prefeito acrescentou que, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o município possui 1.040 áreas de risco, e que 46% da população vive próximo a encostas. “Salvador tem uma topografia irregular, marcada por vales, declives, por regiões montanhosas. Muitas pessoas, por falta de alternativa, constroem casa na encosta. Por isso, a Prefeitura vem realizando intervenções como essas aplicações de geomantas para salvar vidas”.
Ainda na ocasião, o chefe do Executivo municipal entregou duas escadarias drenantes no próprio Vale do Matatu. Antes degradadas, as estruturas estão completamente adequadas para a locomoção dos moradores.
Transformação – A dona de casa Maria de Lourdes Santana, 58 anos, comemorou a entrega das obras. Ela, que vive no bairro há 43 anos, contou que a encosta da 3ª Travessa Alto dos Coqueiros era motivo de preocupação. “Havia, sim, o medo da terra deslizar e causar o desmoronamento das casas de cima, além de atingir as que ficam em baixo. Já vi pessoas usarem balde para retirar do caminho parte do barro que cedia”, descreveu.
Técnica – De acordo com o diretor geral da Codesal, Salvador possui 130 mil m² de área protegida apenas com o uso da geomanta nos últimos cinco anos, o que totaliza investimento de R$19,4 milhões. Ele explicou que essas soluções são mais práticas e menos custosas em comparação às contenções de encostas tradicionais.
“As geomantas são extremamente seguras e sempre passam manutenção cotidiana. Vale reforçar, no entanto, que nem toda a situação comporta essa técnica. Para isso temos uma equipe com engenheiros que fazem a análise e apontam a possibilidade da instalação ou não da tecnologia”, detalhou. A região do Miolo da cidade, revelou, é a que mais demanda pela aplicação de geomanta.
O gestor disse, ainda, que a Prefeitura realiza plantação de grama como outra solução para conter escorregamento de terra de taludes, desde haja condições como drenagem adequada.