Com todos os cuidados diante das restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus, o Grupo AMO realizou uma ação de rastreamento do câncer de mama na manhã deste sábado (24), dentro do Outubro Rosa. Consultas, mamografias, ultrassonografias e punções, em alguns casos, beneficiaram cerca de 200 mulheres previamente cadastradas. Os atendimentos foram diluídos em Salvador, Feira de Santana, Vitória da Conquista, Ilhéus e em Aracaju (SE), e a ação integra a campanha da AMO “Seja rosa, seja um elo”, lançada no início do mês.
Este ano, a ação de rastreamento teve uma importância maior diante da queda de 50% no número de mamografias realizadas até julho de 2020 na rede pública de saúde em relação a 2019 e 2018, segundo o Ministério da Saúde. A redução também é registrada na rede privada, o que preocupa os especialistas. Como estima o Instituto Nacional do Câncer (Inca), serão 66.280 novos casos em 2020 no Brasil, com mais de 17 mil mortes. Na Bahia, a projeção aponta 3.460 novos casos de câncer de mama, sendo 1.180 em Salvador.
Os atendimentos do Grupo AMO deste sábado foram direcionados a pacientes a partir dos 40 anos, faixa etária indicada para o início do rastreamento com mamografia. Elas passaram pela avaliação de um mastologista e fizeram os exames. A desconcentração, o cadastramento antecipado e um menor número de pacientes para evitar aglomeração tornaram possível um atendimento mais minucioso, constatando, inclusive, que muitas mulheres nunca fizeram qualquer exame nas mamas.
Oportunidade
A musicista da Banda Didá Carla Lis, 43 anos (foto), foi uma das pacientes atendidas. “Me senti super acolhida e segura. Foi uma excelente iniciativa porque deu oportunidade a quem depende da rede pública”, disse ela, cuja avó paterna morreu por câncer de mama. A cantora gravou o clipe com o jingle da campanha da AMO juntamente com as outras meninas da Didá e disse que foi mais fácil, através da música, passar a mensagem sobre a importância do cuidado com a saúde da mulher.
Carla Lis aproveitou a oportunidade e cadastrou a mãe Marilene Carvalho, 65 anos, (foto) que também atualizou sua revisão com o mastologista. “Há muito tempo fiz uma mamografia. Não era falta de vontade, mas falta de oportunidade de cuidar de mim. Tomei conta de minha mãe doente por 20 anos, não tinha tempo e o atendimento na rede pública é muito demorado”, contou.
Atendida pela mastologista do Grupo AMO Gabriela Arruda, que reafirmou a importância do diagnóstico precoce no tratamento e na cura do câncer, a paciente Carmem Belmiro dos Santos, 50 anos, (foto) disse ter feito apenas uma mamografia e a primeira também foi possível através de uma ação social, há dois anos.
“Tive duas tias paternas que morreram de câncer de mama, mas elas já descobriram muito tarde”, disse, afirmando que valeu a pena ter saído de Mussurunga para fazer a consulta e a mamografia no Rio Vermelho. “É uma dorzinha suportável que vale a pena sentir. Fui muito bem atendida e acho que toda mulher deve incentivar outras mulheres a cuidarem da saúde”, pontuou.
Cura
“A ação foi extremamente positiva porque é sempre importante falar e promover a detecção precoce de tumores malignos, já que todo câncer é curável, a depender do estágio em que é descoberto. Quanto mais cedo, maiores são as chances de cura e menos traumático é o tratamento ou a cirurgia”, disse um dos coordenadores de Mastologia do Grupo AMO, Marcos Nolasco, presidente da Regional Bahia da Sociedade Brasileira de Mastologia. “O diagnóstico precoce do câncer de mama eleva para 90% as chances de cura”, completou.
O também coordenador de Mastologia do Grupo AMO, Ezio Novais, ex-presidente da Sociedade Mundial de Mastologia, diz que este ano a pandemia impediu a realização de grandes mutirões, o que favoreceu uma mudança no formato. “Promovemos um atendimento mais detalhado, iniciando com uma consulta de avaliação e orientação. Na sequência, foram feitos os exames de mamografia e ultrassonografia. Em alguns casos, as mulheres passaram também por punção”, explicou.
Para evitar aglomerações, a seleção prévia das pacientes foi feita em parceria com algumas instituições, beneficiando mulheres que integram ações sociais realizadas pela Polícia Militar e Ilê Aiyê, por exemplo, além de baianas de acarajé, funcionárias de salões de beleza e outras ligadas ao projeto social desenvolvido pela Banda Didá.