Iniciadas em 28 de junho de 2018 e com previsão de ser concluída em 22 de outubro do mesmo ano, conforme placa instalada no local, a requalificação do entorno da Lagoa dos Pássaros, no bairro do Stiep, segue a passos lentos. Bem lentos, segundo os moradores. “Tenho mantido contato com a presidente da Fundação Mario Leal Ferreira [FMLF], Srª Tânia Scofield, que sempre nos atendeu. Temos solicitado informações sobre o porquê da demora porém ainda não tivemos uma resposta objetiva. Soube que o desassoreamento da lagoa, que deveria ter sido uma das primeiras ações, acabou ficando por último e isto, provavelmente, deve ter interferindo no cronograma da obra.”, disse Hendrik Aquino, líder comunitário.

Ainda segundo Aquino, os moradores sempre procuraram a prefeitura solicitando melhor atenção para as Lagos do Stiep. “Em 2014, solicitei uma audiência com o prefeito ACM Neto porém ele optou por nos visitar e, junto com a sua equipe de secretários, percorremos o entorno das duas lagoas, quando pedi cuidados especiais para a Lagoa dos Pássaros, uma vez que ainda possui características mais naturais que a Lagoa dos Frades, urbanizada no ano 2000 e voltada para a prática de atividades físicas. Recordo-me ainda que solicitamos a instalação de uma unidade da Guarda Municipal e ele ficou de ver as possibilidades.”, relembrou Hendrik.

O histórico de defesa das Lagoas do Stiep é antigo. A especulação imobiliária ocupou muito das Dunas existentes na região, o que contribuiu para o assoreamento e divisão da Lagoa dos Frades em duas. Uma permaneceu com o nome original da grande lagoa e a outra, localizada entre os Conjuntos Stiep e Atalaia, recebeu o nome de Lagoa dos Urubus, posteriormente rebatizada pela própria comunidade para Lagoa dos Pássaros.

Em 2004 um Centro de Educação Ambiental foi criado e sua sede construída às margens da Lagoa dos Pássaros porém, mesmo tendo sido uma importante conquista para a comunidade, já no ano seguinte, foi desativado pela gestão municipal.

Diversas exposições e eventos foram realizados em defesa das Lagoas do Stiep, mobilizando uma significativa parcela da comunidade e revelando um perfil de morador atendo às questões ambientais. “Tenho um acervo de fotos e documentos muito importante. Fundei um jornal comunitário que circulou por 14 anos e publicamos muitas matérias com depoimentos e registros sobre as Lagoas do Stiep.”, relata Aquino.

Nos últimos dias, um barulho de motosserras, vindo da lagoa, tem preocupado ainda mais os moradores. “Como venho acompanhando há mais de 20 anos esta questão, recebo ligações e mensagens de vizinhos, que reclamam do barulho e da derrubada de árvores no Vale dos Pássaros. Vários funcionários estão trabalhando e o barulho está afugentando os animais que buscam abrigo nas residências. Isto precisa ter um acompanhamento mais criterioso pois, também assutados, os moradores podem ferir ou até matar os bichos.”, alerta Hendrik.