A história de Salvador pode ser vista a olho nu por todo o Centro Histórico. Mas há uma boa parte do passado da primeira capital do Brasil, que completa 470 anos neste mês de março, que permanece oculta sob a camada de asfalto e pedras. Essa parte está sendo revelada durante prospecção arqueológica realizada na Avenida Sete de Setembro, ação que antecede o início das obras requalificação da região e da Praça Castro Alves.
Esse trabalho de pesquisa já rendeu resultados interessantes para entender a história da cidade: foram encontrados trechos de trilho de bondes, resíduos de louças e até uma ossada humana. "Encontramos também parte de estruturas, como essa argamassa vermelha, datada do século XVIII. Os trilhos são, com certeza, do século XIX", explicou o arqueólogo e coordenador da pesquisa, Cláudio César Souza e Silva.
A prospecção teve início em fevereiro último com a realização da primeira etapa, entre Casa D'Itália (Campo Grande) e as Mercês. Agora, está em fase de conclusão da segunda parte do trabalho, entre as Mercês e o São Bento. A prospecção será finalizada no trecho entre São Bento e Praça Castro Alves.
O especialista afirmou que a etapa inicial do trabalho tem a função apenas de pesquisa. Após essa fase, os quatro arqueólogos e dois técnicos da área envolvidos na operação iniciam a etapa de investigação das áreas em que foram encontrados os materiais históricos, quando a escavação será ampliada na localidade.
"Todo o material encontrado é recolhido e analisado em laboratório e armazenado na universidade", explicou Cláudio César. Os materiais são encaminhados ao Laboratório de Arqueologia da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), no Campus de Senhor do Bonfim.
A operação - As escavações são realizadas na parte lateral esquerda da Avenida Sete, sentido Centro Histórico. Foram postos no local cones, placas e marcações de trânsito para indicar a realização do serviço, feito de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.
De acordo com a Gerência de Trânsito da Transalvador, agentes têm reforçado as atividades no local, com intuito de orientar os pedestres e garantir a passagem de veículos pela via sem maiores transtornos. No período das obras, a mobilidade não ficará comprometida. A intenção é garantir que a requalificação aconteça da forma mais tranquila possível na avenida que abriga o maior comércio de rua de Salvador.
Revitalização- O trecho contemplado pela requalificação da Avenida Sete de Setembro começa na Casa D´Itália e segue até a Praça Castro Alves, cumprindo cerca de 1,2 quilômetro. A previsão é que as obras, que têm investimento de R$ 17,5 milhões, durem 14 meses. Os recursos são provenientes de financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), através do Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur) da Secretaria de Cultura e Turismo (Secult).
O projeto de requalificação da Avenida Sete e da Praça Castro Alves foi elaborado pela Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF), e o Consórcio Nova Avenida Sete é o responsável pelas obras de prospecção, tendo como norte o plano apresentado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Finalizada a fase de escavações, as intervenções e melhorias começam a ser executadas.
As intervenções vão possibilitar a valorização do comércio e dos imóveis da região. O projeto prevê a revitalização e ampliação de calçadas em pedra portuguesa, preservando as características históricas originais, inclusive os brasões; troca do asfalto; delimitação de vagas de estacionamento; iluminação em LED; implantação de fiação subterrânea; criação de áreas de convivência; drenagem; arborização; adaptação de piso tátil e instalação de rampas para acessibilidade.