Salvador

Professora inova maneira de ensinar português na Escola Luíza Mahim

Com informações da PMS
Da Redação , Salvador | 26/07/2018 às 16:38
Professora Anna Frascolla
Foto: Jefferson Peixoto


A leitura de uma notícia na internet, o agradecimento para alguém, a mensagem enviada ou publicada nas redes sociais, a leitura da letra de uma música ou a felicitação de aniversário. São atividades tão corriqueiras que nem todo mundo nota o quanto elas demandam da Língua Portuguesa. Para trabalhar esta língua com os alunos, professores da rede municipal se esforçam para dar sentido ao que está sendo ensinado.

Na Escola Municipal Luíza Mahim, situada na Boca do Rio, há quatro anos a professora Anna Frascolla desenvolve com os alunos o projeto fotonovela, que incentiva o protagonismo nos adolescentes que cursam o 8º ano. Inicialmente, em um processo de diálogo, os alunos realizam a leitura de livros e sugerem um tema para a fotonovela que irão produzir.

Eles também elegem o corpo-técnico, responsável por alguns aspectos da fotonovela, cuidam do roteiro, da produção das fotos, da trilha sonora, legendas, ficha técnica e da transformação de todo esse material em um vídeo, que é apresentado para a escola no final do ano letivo. As fotonovelas também são disponibilizadas no youtube, no perfil da professora Anna Frascolla.

Em 2014, os alunos contaram a história de Luísa Mahin, negra que lutou contra a escravidão e que dá nome à escola onde estudam. Em 2015, os estudantes fizeram uma adaptação de chapeuzinho vermelho, retratando o bullying na escola e as consequências por ele ocasionadas.

Segundo a professora Anna, a inserção da turma no contexto da atividade, aliada à construção de aulas sempre baseadas na conversação, no diálogo, faz com que os estudantes se tornem cada vez mais participativos. “Todas as aulas precisam estar centradas numa prática social para que façam sentido. A escola hoje, mais do que nunca, precisa fazer sentido para fazer a diferença na vida desses meninos e meninas”, conta.

O resultado de tanto empenho pode ser sentido no final do ano. Em 2015, dentre os 16 alunos da turma do 8º ano, apenas um aluno foi submetido à recuperação, por motivo de falta em excesso. Todos os demais foram aprovados para o 9º ano. Até mesmo alunos que havia repetido o ano, passaram em todas as disciplinas, sem precisar fazer recuperação.

Atual – Esse ano, a turma do 8º ano C se organiza para produzir mais uma fotonovela. A diretora-geral da obra, Sabrina Sena, de 13 anos, narra o tema, que já está na ponta da língua: “trata-se de uma garota que se apaixona, mas não é correspondida e se sente inferiorizada por ser gordinha, mas depois dá a volta por cima, é cortejada pelo rapaz e dá um belo fora nele”, diz.

“A pró Anna é uma das que eu mais gosto. Ela nos ensina muita coisa legal, coisa que nós usamos no dia a dia. É como se fosse uma mãe”, diz Ryan Augusto, 15, que espera ser escolhido como personagem da fotonovela, durante a seleção que avalia a capacidade de expressão dos alunos.

“Fico feliz em ver que os alunos se engajam ao projeto. Para mim, trabalhar a língua portuguesa é respeitar a linguagem que o estudante traz de casa e ampliar as possibilidades de comunicação, de interação e de participação social. As minhas aulas são sempre dialogadas, para que eles participem, e essa metodologia tem dado resultados positivos”, conta a professora.