Há cerca de um ano, a Prefeitura, por meio da Secretaria da Cidade Sustentável e Inovação (Secis), da Secretaria de Manutenção (Seman) e da Limpurb, começou a apoiar o projeto Hortas Urbanas Salvador, idealizado por moradores do bairro da Pituba. Quinhentas mudas, entre hortaliças, árvores frutíferas e leguminosas, já foram doadas ao projeto, além de insumos para o plantio, meios-fios para contenção das leiras, britas e ráfias (tipo de tecido muito usado na agricultura).
Localizada entre prédios na Avenida Paulo VI, em um dos bairros mais populosos da cidade, com cerca de 250 mil habitantes, a Horta Urbana Salvador começou a ganhar forma após alguns mutirões de limpeza no terreno, que possui aproximadamente 2,1 mil metros quadrados. Para auxiliar na retirada de 50 toneladas de entulhos que existiam no local foram necessárias as participações de moradores do bairro e de máquinas e homens da Limpurb.
De acordo com Wilson Brandão, idealizador do projeto, o desconforto de ter ao lado onde mora um terreno baldio servindo de área de descarte de entulho e esconderijo para insetos foi o motivo principal dele, familiares e de alguns vizinhos tomarem a iniciativa de solicitar da Prefeitura o apoio necessário para transformar o local em um espaço mais limpo e em condições de se cultivar hortaliças.
Em novembro de 2016, as 500 mudas foram plantadas no local e, em janeiro, a primeira colheita foi realizada. Couve, alface, manjericão e outros alimentos, sem qualquer tipo de agrotóxico, foram colhidos e doados ao Lar Irmã Maria Luiza, espaço na Cidade Baixa que abriga idosos carentes e com problemas de saúde. De acordo com seu Wilson, o objetivo principal do que é produzido pela horta é doar para quem precisa. “Escolhemos doar os alimentos por entendermos que a horta também tem uma função social. Caso o que foi colhido tenha sido suficiente para a doação, repartiremos entre nós moradores o que sobrar”, explica.
Hoje, depois da terceira colheita, a horta já possui 22 leiras e mais de 40 voluntários. São crianças, jovens, adultos e idosos que se revezam como podem e com o tempo que tem, a partir de uma escala de trabalho, para manter o local irrigado e bem cuidado. “É gratificante ver a participação de pessoas de todas as idades numa atividade que vai além do plantio. Estamos construindo um ambiente sadio, de novas amizades e formando uma nova família, além de transformar um terreno que era foco de mosquitos em um local produtivo.
Uma das voluntárias participantes do projeto, a administradora de empresas Lúcia Cunha, 61, conta que recebeu o convite para participar da horta através de um aplicativo de celular, e desde então tem seu horário determinado durante a semana para molhar as leiras, onde estão plantadas as hortaliças. “Quando estou lá não penso em nada. Todos os vizinhos participam. O projeto nos tornou mais integrados”, afirma Lúcia.
Parceria – Iniciativas que visam revitalizar o espaço urbano e promover o bem estar coletivo vêm dando certo e estreitando a parceria entre o poder público municipal e a sociedade. O Alto do Itaigara é outro exemplo dessa integração. Moradores do bairro já arborizaram cerca de dois mil metros de calçadas e revitalizaram uma área verde onde antes servia de depósito de entulhos. Batizado de Recanto Santo Antônio, o local se tornou um espaço de convivência familiar e palco de ações socioambientais organizados pela própria comunidade.
De acordo com a Secis, a previsão é que sejam criadas mais dez hortas urbanas em outros pontos da cidade até o fim do próximo ano. Segundo o secretário da Cidade Sustentável e Inovação, André Fraga, esse tipo de projeto em que o cidadão é um agente participativo de transformações que envolvem espaços públicos é muito positivo, não só do ponto de vista ambiental, mas também do social.
“Iniciativas como a horta urbana, na Pituba, e o Recanto Santo Antônio, no Alto do Itaigara, reforçam a importância da participação da população na construção de uma cidade voltada para o bem estar coletivo. Mesmo com poucos recursos, é possível realizar ideias inovadoras e colher resultados que acrescentem de forma muito benéfica no cotidiano de quem mora em cidade grande, como é o caso de Salvador”, salienta Fraga. “Daremos o apoio necessário, mas é importante a comunidade se organizar para cuidar do local”, reforça.