Com informações da FGM
Da Redação , Salvador |
25/12/2016 às 18:05
Monumento a Cairu
Foto: Jefferson Peixoto
Desde 2013, a Fundação Gregório de Mattos (FGM) já recuperou 37 monumentos históricos em Salvador. Neste período, voltaram ao cotidiano da cidade obras como o Marco de Fundação de Salvador, no Porto da Barra, a homenagem ao ex-jogador de futebol Pelé, na Arena Fonte Nova, as estátuas de Thomé de Souza (Centro), Visconde de Cairu (Comércio) e Barão do Rio Branco (Avenida Sete). Além disso, foram entregues homenagens a heróis modernos, como as esculturas dos escritores Jorge Amado (Rio Vermelho) e Vinícius de Morais (Itapuã) e dos inventores do trio elétrico, Dodô e Osmar, na Praça Castro Alves.
Recentemente, a população de Salvador voltou a ter acesso também ao monumento à Deusa Flora, obra do século XIX dedicada à primavera, e que foi devolvida completamente recuperada à Praça Dona Flora (Nossa Senhora da Assunção - Pituba), no dia 6 de dezembro. Na semana passada, foi entregue o monumento das Pombas do Cetro de Ancestralidade,obra do Mestre Didi localizada na Rua da Paciência, no Rio Vermelho, que havia sido alvo de vandalismo. Outros sete monumentos já se encontram em fase final de restauro, com entrega prevista até o final deste ano e início de 2017: a efígie do mestre Bimba e o busto de Carlos Batalha (Rio Vermelho); os bustos de Mãe Runhó (Engenho Velho da Federação), do padre Manoel da Nóbrega (Centro) e Almeida Couto (Nazaré); e a estátua da Imaculada Conceição (Mares).
Restauração - Com mais de 40 anos dedicados à restauração de monumentos, pinturas e grande parte do acervo histórico da capital baiana, tendo trabalhado em muitos deles por mais de uma vez, o restaurador José Dirson Argôlo é um dos profissionais parceiros do município na recuperação de obras de arte. Argôlo aponta fatores como o tempo, a falta de manutenção e o vandalismo como responsáveis pela destruição destes objetos de grande valor histórico e cultural.
De acordo com Argôlo, o trabalho de restauro de peças históricas exige tempo e cuidado para que não se danifique ainda mais o material já fragilizado de cada obra. A operação tem início com uma análise completa das obras, avaliando os agentes causadores da degradação de cada material que compõe a peça. "É preciso destacar cada patologia responsável pela deterioração do material, para assim dedicar o tratamento específico. As causas mais comuns são decorrentes de fenômenos naturais, como poluição atmosférica, salitre, fuligem, fungos, oxidação e manchas que atingem metais como o bronze. Além disso, fezes de aves prejudicam bastante as esculturas a céu aberto", explica.
Entretanto, segundo o restaurador, o homem é o principal causador de deterioração dos monumentos. Dentre as ações negativas está o vandalismo, seja como o roubo de peças e a destruição completa do material, seja com com pichações e colagem de material de propaganda comercial ou política. "Após a percepção do problema, apresentamos o diagnóstico à FGM, com o devido orçamento para custos com material e pessoal. Concedemos um prazo, que pode ser de até três meses para obras menores, como bustos, a um ano para estátuas maiores ou conjuntos de monumentos, como na homenagem ao 2 de Julho, no Campo Grande. Selecionamos a equipe necessária e iniciamos o trabalho", prossegue o restaurador.
Segundo a FGM, quando possível a restauração é sempre entregue ao autor da obra, como o ocorrido com a Sereia de Itapuã e o monumento à Clériston Andrade, na Avenida Garibaldi, ambos de autoria do artista Mário Cravo, e que foram recuperadas pelo próprio autor. Na maioria dos casos, entretanto, o autor já não está vivo e o trabalho é realizado a partir de parcerias com empresas e artistas especializadas no tema.