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Agecom , da redação em Salvador |
02/07/2015 às 20:30
Caboclo é o símbolo das lutas
Foto: Manu Dias
O Desfile do 2 de Julho, nesta quinta-feira (2), abriu espaço para as mais diversas manifestações artísticas, culturais, religiosas e protestos pacíficos. O cortejo, que celebra as lutas pela Independência do Brasil na Bahia, foi acompanhado por autoridades, além de baianos e turistas que caminharam, durante a manhã, da Lapinha até a Praça Municipal, no Centro Histórico de Salvador. O percurso atrás dos carros que levavam o Caboclo e a Cabocla - símbolos da independência baiana - durou cerca de quatro horas.
Diversos grupos sociais participaram do cortejo, enquanto as fanfarras e filarmônicas deram o tom da festa. Ao som de canções famosas da música popular brasileira, a Fanfarra Duque de Caxias (Fanduc), banda do Colégio Estadual Duque de Caxias, que fica na Liberdade, esperava para entrar no cortejo ainda na Lapinha. Cerca de 60 alunos e ex-alunos da escola participam do desfile desde 1992 e ensaiam durante o ano inteiro para o Dia da Independência da Bahia.
Neste ano, vestidos de preto e branco, os integrantes foram comandados pelo regente Carlos Almeida, mais conhecido como Carlos Show, antigo aluno do Duque de Caxias. “Estamos muito emocionados e eu, em especial esse ano, já que me interessei pela escola depois de começar a participar da fanfarra. Concluí os estudos no ano passado e, hoje, além de regente, sou estudante de artes cênicas”.
O governador Rui Costa e o prefeito ACM Neto participaram da festa civica.
Filarmônicas do interior
Além de dez colégios estaduais, as cidades do interior participaram com as filarmônicas, como a estreante Lira São Bernardo, do município de Alcobaça, no sul da Bahia. Para o regente, Luís Lima, a presença da banda no desfile é motivo de orgulho para ele e para os alunos, que esperavam no Pelourinho para participar do cortejo. “É muito gratificante que a gente tenha espaço para mostrar o trabalho que estamos desenvolvendo no interior do estado e participar junto com todo mundo da festa”.
Para o secretário estadual de Cultura, Jorge Portugal, essa é uma das manifestações populares mais importantes para o calendário nacional, e não somente baiano. “Desde o dia 25 de junho, em Cachoeira, que estamos promovendo a Rota da Independência, com atividades que vão durar o mês inteiro, em comemoração ao sangue que foi derramado na Bahia”.
Luta feminina
Muitos grupos sociais aproveitaram o cortejo para protestar e levar suas reivindicações para as ruas. A Marcha das Vadias - movimento feminino que tem bandeira contra a violência e assédio sexual e pelo respeito pelas mulheres - foi representado por um grupo de jovens. Entre eles, a estudante Gabriele Vitena, que viu no Dois de Julho a oportunidade de lutar por uma sociedade mais igualitária. “Esse já é o quinto ano da marcha e nessa data, que é tão importante para a Bahia, não tinha como nós não participarmos”.
Segundo a secretária de Política para as Mulheres, Olívia Santana, essa festa tem a marca das mulheres, de Maria Quitéria, de Joana Angélica e da Cabocla, que é o maior símbolo de participação feminina. “Reconheço o 2 de Julho como a festa mais genuinamente popular, mais democrática que temos na Bahia e que simboliza a capacidade das mulheres de lutar e fazer política para mudar o nosso estado”.
Direitos humanos
O engenheiro ambiental Jônatas Spínola segurava uma placa e usava uma camisa em prol dos direitos humanos. “Esse é um espaço democrático, que representa muito para o estado da Bahia. E é um momento ideal para levantar bandeiras como dos direitos humanos, do meio ambiente, redução da maioridade, e fazer um alerta à sociedade para esses debates”.
Até os super-heróis decidiram aparecer no cortejo. O radialista comunitário Luís Lobo saiu de casa fantasiado de super-homem para lutar por aquilo que acredita. No Pelourinho, ele carregava uma placa pedindo uma sociedade melhor. “Eu acho que precisamos de super-heróis simbolicamente, precisamos nos espelhar nos nossos heróis da independência, sair do comodismo e lutar pelos direitos que desejamos. Se hoje temos alguns direitos adquiridos é porque homens e mulheres lutaram por isso. E precisamos fazer o mesmo”.
Segurança
Mais de 1600 homens e mulheres da Polícia Militar foram mobilizados para fazer a segurança de quem participou e acompanhou o desfile. A operação especial para celebrar a Independência da Bahia teve início com a transferência do Governo do Estado para Cachoeira, no dia 25 de junho, e segue até o próximo domingo (5), com a volta do Caboclo para a Lapinha. Segundo o secretário de Segurança Pública, Maurício Barbosa, os policiais se envolveram em todo o preparativo cultural do festejo. "Nossa participação se inicia antes mesmo da festa começar, porque reconhecemos a importância dessa data, quando a independência do Brasil se consolidou e onde bravos homens e mulheres lutaram pelo nosso País".
Além de fazer a segurança da população durante o trajeto, os policiais também participaram dos festejos com a banda da PM, que seguiu logo atrás do carro onde foi levado o Caboclo. Para o regente da banda, o tenente Roque Bispo, participar de um marco importante para o estado é uma forma de mostrar que o trabalho da polícia vai além da promoção de segurança. "Estamos aqui também promovendo a cultura, porque a corporação não se resume à presença ostensiva nas ruas. Por isso fazemos questão de sempre estar presentes no Dois de Julho e promover também nossos projetos culturais e sociais".