Vão protestar contra o descaso do Reitor com a greve por orçamento à universidade
Tasso Franco , da redação em Salvador |
10/06/2015 às 14:51
Pela manhã os estudantes pararam a área do Iguatemi
Foto: DIV
Nesta tarde de quarta-feira (10) professores e estudantes da Uneb ocupam o prédio da
Reitoria da Uneb, no campus I, em Salvador. A atividade será feita por 24 horas
e é uma ação de protesto contra o descaso do Reitor José Bites, que desde o
início da greve, há um mês, tenta dificultar as atividades do Comande de Greve,
blinda o governo do estado e se distancia dos interesses e dificuldades da
comunidade acadêmica da Uneb.
Como tem sido amplamente divulgado pela Associação dos Docentes da
Uneb (ADUNEB) e imprensa em geral, a greve dos docentes e estudantes, com o
apoio dos técnico-administrativos, tem como pauta central o aumento de recursos
às estaduais da Bahia. A reivindicação é por mais orçamento para que seja
garantida a qualidade de ensino, pesquisa e extensão nas quatro universidades
estaduais. Recursos esses que auxiliarão também a administração do reitor José
Bites.
Segundo o Comando de Greve da ADUNEB, desde o dia 13 de maio,
início da radicalização, o reitor não publicou nenhum documento reconhecendo o
movimento paredista na Uneb, mesmo sabendo que a radicalização tenha sido
deflagrada em assembleia geral docente, de maneira democrática e por ampla
maioria de votos. Ação oposta a realizada recentemente pelo reitor da Ufba,
João Salles, que já no dia seguinte à deflagração da greve naquela
universidade, divulgou carta reconhecendo a legitimidade da ação das/os
docentes.
Para os professores, mesmo no âmbito das Universidades Estaduais
da Bahia (Ueba) o reitor Bites destoa dos demais reitores ao mostrar sua
submissão ao governador. Enquanto na Uneb o gestor tenta maquiar a realidade
e não informa, nem ao menos do site da instituição, sobre a existência da
greve, na Uesb, o Conselho Universitário, presidido pelo reitor Paulo Santos,
em 25 de maio, deliberou, por unanimidade, uma moção de apoio à greve da
categoria docente. Já o reitor da Uefs, Evandro Nascimento, na última
terça-feira (09), em ação conjunta com o Movimento Docente daquela instituição,
fez uma aula pública para discutir a situação orçamentária da Uefs.
A insatisfação dos professores da ADUNEB com o reitor acontece
também devido à falta de discussão sobre a pauta interna da universidade. Desde
o dia da deflagração da greve, 07.05, o administrador central tem em mãos um
documento com as reivindicações da pauta interna da Uneb. Até o momento nenhuma
reunião foi realizada sobre o assunto. A extensa pauta, que representa a
difícil realidade da universidade, contêm 18 itens. Entre eles estão a
construção de creches e restaurantes universitários, combate ao assédio moral e
nepotismo, regionalização de serviços médicos, agilidade nos processos internos dos
professores e discussão sobre a elaboração de um novo estatuto para a Uneb
As atitudes de José Bites evidenciam que suas intenções buscam
apenas blindar seu chefe, o governador do estado, se distanciando assim dos
interesses, das necessidades e dificuldades de que o elegeu: a comunidade
acadêmica da Uneb. Outra ação do reitor que tentou claramente prejudicar o
trabalho do Comando de Greve foi a criação de um grupo que se auto intitulou
“Comissão de Mediação Interna”. O objetivo da reitoria foi dificultar as
decisões da Comissão de Ética do CG, mesmo ciente que a Comissão dos
professores foi deliberada e legitimada na assembleia que deflagrou a greve. A
atitude do reitor evidencia desrespeito com o movimento docente e com o conjunto
dos professores da universidade.
As ações do reitor da Uneb contra a greve legítima, que busca
defender a Universidade do Estado da Bahia enquanto patrimônio público, têm
como consequência o aumento da indignação e da força de mobilização do movimento
paredista. Em defesa da educação pública superior o MD não irá retroceder. A
greve que já começou forte aumenta a cada semana.