As causas estão associadas a falhas na rede de drenagem do terreno e dos espaços no entorno das edificações
ASCOM IPHAN , Salvador |
12/04/2015 às 12:25
Terreiro da Casa Branca fica na Vasco da Gama
Foto: IPHAN
As chuvas nos últimos dias provocaram o desabamento parcial de uma mureta de proteção do passeio frontal do barracão do Terreiro Ilê Axé Iyá Nassô Oká, mais conhecido como Casa Branca, localizado na Avenida Vasco da Gama. Por ser um bem tombado, a Superintendência do Iphan na Bahia realizou, na tarde do sábado
(11), uma vistoria para avaliar os danos causados.
O engenheiro civil e coordenador técnico do Instituto, Bruno Tavares, constatou que as causas do desmoronamento da mureta, edificada em alvenaria de blocos comuns, estão associadas a falhas na rede de drenagem do terreno e dos espaços no entorno das edificações. A estrutura cedeu parcialmente, mas não causou
danos a nenhuma edificação.
“O subdimensionamento das calhas existentes no passeio e falta de tubulação de escoamento levaram ao acúmulo de água que escoou por um único ponto, causando o carreamento de material das fundações da mureta. Com isso, a alvenaria não suportou o próprio peso e cedeu”, informou Bruno no relatório.
A própria comunidade colocou lona sobre o local para cobrir o terreno, o que evitará novo carreamento de material no trecho que ruiu caso as chuvas continuem. “Não há riscos imediatos de novos desmoronamentos nem de desabamento dos imóveis vizinhos em função do ocorrido”, destacou o coordenador técnico do
Iphan.
Para solucionar o problema e evitar novos deslizamentos, Bruno Tavares sugere a manutenção da lona no local até a realização dos serviços de correção necessários, a revisão do dimensionamento das calhas localizadas no passeio do barracão, bem como instalação de tubulação drenante ao final delas. Além da instalação
de calha de recolhimento de água nas bases das muretas de contenção dos passeios, evitando o carreamento de terra em suas bases durante as chuvas.
Patrimônio nacional
O terreiro Ilê Axé Iyá Nassô Oká foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em
31 de maio de 1984. O tombamento inclui uma área de 6.800 metros quadrados com as edificações, as árvores e principais objetos sagrados.
O terreiro da Casa Branca é um exemplar típico do modelo básico jeje-nagô, sendo o centro de culto religioso negro mais antigo que se tem notícia da Bahia e do
Brasil, considerado como a "matriz da nação nagô".
É possível ligar suas origens à Casa Imperial dos Ioruba, representando um monumento onde sobrevive riquíssima tradição de Oió e de Ketu, testemunho da
história de um povo. Situado em terreno com declive, o terreiro possui uma edificação principal - A Casa Branca - que domina todo o sítio e centraliza o
culto, com as diversas Casas de Santo - Ilê Orixá - distribuídas à sua volta, em meio à vegetação ritual - o Mato - com imensas árvores sagradas e outros
assentamentos, além das habitações da comunidade local.
Na estrutura do terreiro da Casa Branca há uma praça projetada por Oscar Niemeyer e um gradil modelado por Bel Borba.