Jolivaldo Freitas é jornalista
Jolivaldo Freitas , Salvador |
23/12/2014 às 10:20
Grupo Garagem, no réveillon Salvador
Foto: DIV
Estou começando a acreditar que ACM Neto é o cara por um detalhe simples: quem gosta de jazz não pode ser uma pessoa ruim e demonstra claramente que tem sensibilidade. E um prefeito sensível e com cultura, nem que seja musical, é um diferencial que não se vê no varejo.
O que me chamou a atenção para isso – nós que estamos geralmente focados no tapamento dos buracos no asfalto, no valor do IPTU e na coleta de lixo - foi a programação do réveillon de Salvador, feita pela Prefeitura Municipal, que além dos indefectíveis grupos de Axé, pagode e outros ritmos com o mesmo DNA mas sem definição, ainda esperando uma classificação por parte de Charles Darwin ou um batismo do jornalista Hagamenon Brito, que criou o termo “Axé Music” quando era colunista do jornal A Tarde, vai realizar um “Reveillon Jazz”, com importantes autores e maestros baianos e outros de fora.
Os homens que fazem as jam sessions geralmente são escanteados – tanto pela mídia como pelas programações culturais públicas. Mas desta vez o mítico Grupo Garagem, Tonho Horta e Wagner Tiso (parceiros de Milton Nascimento no mineiro Clube da Esquina), Yamandu Costa, o velho e referencial Hermeto Pascoal, Rumpilezz e Ed Mota, além do Neojibá, dentre outros, estarão mostrando que a cidade tem um público que não é só Chicleteiro ou Iveteiro, com todo respeito para estes e também para os pagodeiros.
Tenho certeza que nesta programação tem o dedo verde do competente agitador cultural e homem da Fundação Gregório de Mattos Fernando Guerreiro, de quem sou fã desde o teatro até nossa companhia nas ondas da Rádio Metrópole.
E vocês viram o problema envolvendo a delicatessen Deli&cia no bairro da Graça. Vou ser sincero, não acredito que eles estivessem vendendo produtos vencidos e sem origem. Costumo sempre ir lá e sempre prestei atenção até nas unhas dos garçons, no jeito que é feito a manipulação dos alimentos e certa vez pedi para ver como se processava a cozinha e como eram acondicionados os alimentos – coisa de jornalista que se mete em tudo e desconfia de todos. Foi atendimento de primeira. Daí que estranhei o que a Vigilância Sanitária disse que encontrou.
O porquê de eu estar m metendo onde não fui chamado é que algum tempo atrás vi ao vivo e a cores num restaurante vegetariano de um amigo um agente sanitário chegar cheio de anel de doutor no dedo, colocando o dedo no nariz do gerente e como ele reagiu achando que o funcionário do município estava sendo prepotente e boçal e nem boa tarde deu ao chegar, recebeu voz de prisão e acusaram o restaurante de estar colocando lixo em local inadequado, quando os resíduos estavam na área externa esperando a passagem da Limpurb. Foi uma injustiça e até saí em defesa da casa.
E de outra feita presenciei no Largo Dois de Julho uma lanchonete ser multada porque o agente da Vigilância Sanitário disse que quando o rapaz que manipulava os sanduíches falava expelia perdigotos. Eu não conseguia parar de rir, para nervosismo do dono da lanchonete que pediu para eu me retirar enquanto um dos caras da prefeitura dizia que iua me pegar lá fora.
Me mandei rápido. Procurei me informar no caso da Deli&Cia e um amigo que estava lá no dia disse que viu mesmo foi o pessoal da prefeitura se irritar porque o gerente do estabelecimento estava filmando o local para provar que nada estava errado e que aí deu voz de prisão para um pai de família.
A cena lembrou que a vida imita a arte. Semana passada na novela “Império” os agentes sanitários chegaram no restaurante de um dos personagens, onde tinha colocado camarão com data de validade vencida e sem nem esperar explicação ou fazer uma avaliação técnica prenderam o chef. Se a moda pega...
Defendo com unhas e dentes (ou seria com faça, colher e garfo?) a ação da Vigilância Sanitária, ainda mais quando vemos que a cidade está cheia de cachete armado, de carrinhos vendendo de tudo, de coliformes fecais nos acarajés e feijoadas e cachorros-quentes que já vêm temperados com poeira e fumaça de escapamento. Mas tem de chegar com profissionalismo, educação e sem prepotência ou jeitão de juiz de Copa do Mundo.