A Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen) e as afiliadas Níger Okan, África 900, Aspiral do Reggae, Agência Afro Latina e Euro Americana de Informação (Alai), Instituto Mídia Étnica, Marcus Garvey, Baobá, Ogun de Ronda e Pagoleiros, se irmanam com as demais entidades representativas do movimento étnico baiano, nesse momento de pesar em que toda a Bahia negra e afrocultural chora a morte prematura de Antonio Luís de Souza, o Neguinho do Samba, que de nós se separa aos 54 anos de idade, para dar seguimento a outra etapa de vida, na dimensão espiritual.

Ao tempo em que lamentamos a sua perda, nos confortamos com a sua história de vida. Neguinho do Samba foi um herói e nos deixou fantásticas lições de superação, que bem caberia destaque em horário nobre da mídia eletrônica. Ele buscou na cultura musical a sua autoafirmação para fugir da exclusão, da qual milhares de outros irmãos negros sucumbiram, cedendo às humilhações e às fraquezas na luta contra o racismo odioso, que vê a cor da pele, antes de enxergar o ser humano que ela envolve.

 Neguinho nunca se acovardou ante os desafios e lançou de mão de suas ferramentas naturais: talento musical, determinação, garra e uma dose de amor muito grande pelas pessoas e sobretudo muita fé. E assim construiu legados, imaterial e material, apenas com duas baquetas, um tambor e muita criatividade. Foram desses elementos que nasceu o internacional samba reggae da Bahia, que sacudiu o Brasil. O ritmo criado por

Neguinho invadiu as ruas de Salvador e se espalhou pelo Brasil e pelo mundo, alcançado até templos evangélicos, onde ela já frequentava, professando a fé cristã, quebrando paradigmas e preconceitos. Por tudo isso, e muito mais que ainda se falará de Neguinho do Samba, lhe fará jus a merecidas homenagens, às quais propugnaremos.  Na batida do Olodum, no suíngue da Banda Dida, criada por ele para a inclusão de jovens negras, vítimas das mazelas sociais, Neguinho do Samba sempre estará presente, como um conforto para a saudade, de quem em vida fez de sua arte a felicidade de multidões incontáveis.

Assinam: Gilberto Leal/Samuel Azevedo - Coordenação Nacional de Entidades Negras.