O mato cresce entre os prédios e a erosão se espalha pelo terreno. O conjunto habitacional em construção é o retrato do abandono.

  A obra começou há mais de 3 anos e há 9 meses está parada. As 313 unidades já deveriam estar ocupadas por famílias que não têm onde morar, no município de Lauro de Freitas, região metropolitana de Salvador.

  O projeto da prefeitura já consumiu 4 milhões e 230 mil reais. Dinheiro do programa de habitação da Caixa Econômica Federal. As casas têm dois pavimentos: sala, cozinha e área de serviço ficam na parte de baixo.

  Muitos dos futuros moradores têm mais de 60 anos e vão precisar subir escada pra chegar ao único quarto da casa, que não chega a 5 metros quadrados. O banheiro também fica em cima e a caixa d´água já foi instalada. Mas se alguém estivesse morando ele não poderia ser usado. Não há rede de esgoto.

 SEM ESGOTOS

Só depois que a obra estava adiantada foram descobrir que precisariam não só do esgoto, como também da estação de tratamento.

"Oito meses, um ano, provavelmente teríamos as obras concluídas e as famílias, que hoje estão no bolsa-aluguel, virão para suas casas", declara Moema Gramacho, prefeita de Lauro de Freitas.

E receber a casa é o maior sonho de Carla. Ela mora com os 5 filhos, num único cômodo á beira de uma valeta por onde corre um esgoto. "Eu esperei tanto essa casa que quando vi que tava demorando muito, eu peguei e invadi um terreno e fiz esse barraco", conta Carla Ferreira, desempregada.

A Caixa Econômica Federal informou que liberou para a prefeitura de Lauro de Freitas pouco mais de 40% da verba prevista. O restante do dinheiro está bloqueado até que as obras de infraestrutura sejam realizadas.

A Caixa informou ainda que a prefeitura já apresentou um projeto para resolver o problema do esgoto sanitário.